O gerontólogo Paulo Renato Canineu, doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, responde às principais dúvidas sobre a doença de Alzheimer. O especialista alerta para o principal problema que cerca a doença: a dificuldade em identificá-la precocemente. Segundo a geriatra Helen Arruda, o principal problema é que os sintomas iniciais são vistos como “normais entre idosos”, o que acaba retardando o tratamento para retardar o seu avanço.
1 – Quais os sintomas iniciais da doença de Alzheimer?
Prof. Dr. Paulo Canineu: Os principais sintomas são alteração da memória recente e confusão em relação aos próprios hábitos, como dificuldade em realizar atividades diárias e problemas comportamentais (ansiedade e depressão). Como os sintomas podem passar despercebidos, é importante que os familiares ou amigos possam ajudar a identificar os sinais.
2 – Existem formas prevenção?
A doença de Alzheimer não tem cura, mas já se conhecem alguns fatores de risco como obesidade, vida sedentária, ansiedade excessiva, pressão arterial elevada e alterações do metabolismo (gorduras, açúcar). O mais importante para a prevenção é manter o funcionamento cerebral com novos aprendizados e mantendo-se sempre ocupado. Não se deve nunca aposentar o cérebro.
3 – Qual a importância do diagnóstico precoce?
Quanto mais tempo se leva para diagnosticar, mais tecido cerebral é comprometido. Quanto mais a doença evolui, mais alterações cognitivas se instalam, a exemplo da alteração de memória, concentração e da capacidade executiva, afetando a funcionalidade e o comportamento como um todo.
4 – É possível evitar o avanço da doença?
Se a doença de Alzheimer for descoberta precocemente é possível desacelerar seu avanço usando recursos medicamentosos ou não. Essas são atividades de orientação cognitiva com o uso racional do cérebro, treinamentos de memória, repetição de atividades intelectuais anteriores, orientação sobre a realidade, validação dos aprendizados anteriores, orientação nutricional, física e psicológica.
5 – As causas da doença de Alzheimer já são conhecidas?
Não conhecemos ainda as causas da doença, mas os mecanismos já são conhecidos pela ciência. No entanto, podemos atuar nos conhecidos fatores de risco. Em dois deles não podemos atuar: a idade e a própria hereditariedade. Além de impedir os fatores de risco cardiovasculares e cerebrais, deve-se evitar o isolamento social. Ao longo da vida é importante tratar os estados depressivos e de ansiedade.
6 – De que forma o indivíduo pode diferenciar um esquecimento comum da doença de Alzheimer?
O esquecimento é normal em qualquer idade em função da ansiedade do excesso de tarefas. Porém, pode ser sintoma da doença de Alzheimer quando o esquecimento é progressivo e a pessoa tem dificuldade em realizar atividades diárias.
7 – A doença possui um perfil definido? A prevalência acontece principalmente a partir de qual idade?
Atinge aos dois sexos. Porém, como as mulheres vivem mais, a frequência maior é justamente nesta população. Estima-se que 7% da população mundial acima de 60 anos sofram de demência. Dessas, 40% a 70% podem ter a doença de Alzheimer.
8 – Quais os tratamentos disponíveis?
Existem dois tipos de tratamento: o medicamentoso e o clínico, este último envolvendo orientação nutricional, psicológica e atividades cognitivas.