Um dos principais projetos sociais e culturais da região do baixo São Francisco, em Alagoas e Segipe, o Museu no Balanço das Águas da Coleção Karandash tem como foco de suas ações o desenvolvimento de oficinas de arte e educação para os moradores de comunidades carentes à beira do rio e a divulgação do trabalho de artistas locais. Nesta sexta-feira (3), Dia Nacional em Defesa do São Francisco, o projeto comemora seus 6 anos de atuação e faz um alerta para a saúde do Velho Chico.
Criado em 2010, pelo casal de artistas Maria Amélia Vieira e Dalton Costa, o Museu no Balanço das Águas – um barco museu que navega pelas águas do Velho Chico – já promoveu mais de 50 oficinas gratuitas de ilustração, escultura, fotografia, cerâmica, cinema de animação, vídeos documentários, bordados, pintura, técnicas de gravura e tantas outras. Suas ações já beneficiaram cerca de 3.000 ribeirinhos que moram em locais como a Ilha do Ferro, Piranhas e Mato da Onça, em Alagoas, e Ilha do Ouro e Porto da Folha, em Sergipe.
Outra característica do Barco Museu, que se tornou um Ponto de Cultura em 2015, é que ele tem ajudado a divulgar o trabalho de artistas da região. Um deles é o escultor Petrônio, pescador e agricultor nascido na Ilha do Ferro. Para criar suas obras, o artista utiliza a madeira de troncos e galhos de árvores que caem no rio e são trazidas pela correnteza até a margem. A saúde do rio influencia diretamente na vida de quem mora perto dele.
De acordo com Maria Amélia Vieira, uma das idealizadoras do Barco Museu, “quanto mais visibilidade for dada àquela região do baixo São Francisco, mais chances teremos de vê-lo revitalizado”.
A artista lembra que quando iniciou o trabalho cultural na região a paisagem era outra. “O rio era mais cheio, e o barco navegava com mais facilidade. Tinha mais vegetação também. Hoje, a navegação é difícil. Temos que fazer desvios para evitar que o barco encalhe ou tenha sua estrutura danificada”, diz, acrescentando que os novos projetos do Barco Museu irão promover a consciência ambiental da população ribeirinha, livrando o rio da poluição e estimulando o replantio da mata ciliar.