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Jornalista alagoano lança livro com elementos da literatura marginal

Assessoria

Jean Albuquerque

Mergulhar na realidade nua e crua, deixar o cinza tomar conta como uma fossa estourada exalando a dor de um submundo. Assim pode ser definido o Meu peito é um caminhão de mudança abarrotado com todas as lembranças que você deixou, livro de estreia do jornalista alagoano, Jean Albuquerque.

É possível se identificar com o que será lido na obra. É poesia para quem gosta de enfrentar o verossímil, perceber as contradições da cidade grande sem filtro. A obra conta com 31 poemas e mini contos que trazem elementos da literatura marginal e dá luz a um submundo: o tráfico, as drogas, amores que não deram certo, o cotidiano dos invisíveis e assim por diante.

Em sua ambientação existe a ligação entre duas cidades; o livro foi produzido entre Maceió e Rio de Janeiro nos anos de 2014 e 2015. O autor morou seis meses no Rio e traz um pouco da experiência e o que pôde perceber do submundo da cidade grande.

O convite para a publicação foi feito por um selo de hardcore independente, a “Oxenti Records”, que têm realizado trabalhos ao longo de dez anos no meio alternativo nacional com bandas Punk, Hardcore, Rap e outras atividades libertárias. O selo se lança como uma editora no meio underground com a obra.

O autor teve como influência no processo de produção alguns autores, como é o caso de João Antônio, Bukowski, John Fante, e tantos outros da sua geração que têm ganhado destaque no cenário da literatura contemporânea nacional.

Poema:

III

Abrace seu amigo poeta que perdeu a batalha pro crack

Abrace a Paulinha que foi embora porque você não é do mesmo círculo social

Abrace a cretinice carioca Abrace os anciãos de Copabacana que passam as tardes jogando dominó no Lido

Abrace a saudade da mulher mais foda que apareceu na sua vida e tem 23 anos a mais que você

Abrace o uísque barato que marca o tempo da canção chinfrin que você mandou via messenger do facebook e ela só visualizou

Abrace o samba de Cartola que toca no salão vazio na quarta-feira de cinzas

Abrace a devastadora dor renal

Abrace as putas com nome de atriz de novela mexicana carregadas de histórias que são mais interessantes que os enredos do Paulo Coelho

Abrace o canal que voltou a doer depois da segunda cerveja no bar no final da rua que no jukebox tocava Sérgio Sampaio

Abrace a realidade que dói menos…

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