Militar reformado Pedro Chavarry foi detido em flagrante no último sábado (13), no Rio.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o coronel reformado da PM Pedro Chavarry Duarte participava de uma rede de pedofilia. Segundo investigações iniciais, o flagrante do último sábado (10) pode ser “a ponta do iceberg de uma monstruosidade que pode estar sendo praticada há mais de 20 anos”, segundo a delegada Cristiana Bento, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (Dcav).
Segundo informações do jornal O Globo, Chavarry foi preso em 1993 com uma bebê de quatro meses nua no chão de uma apartamento em que ele vivia. À época, ele era um capitão da Polícia Militar do batalhão de Bangu e disse que fazia um trabalho de assistência a grávidas carentes. Ele conseguiu se livrar da acusação de tráfico de crianças, respondendo apenas por maus-tratos. Ele foi inocentado em segunda instância.
Na última segunda-feira (12), a Justiça determinou a prisão preveniva da faxineira Thuanny Pimenta de Souza, de 23 anos. Ela é suspeita de entregar a menina de dois anos com quem ele foi encontrado na noite de sábado (10). A criança mora numa casa vizinha à dela na comunidade Uga-Uga, em Ramos. Ela teria dito à responsável pela bebê que a levaria a um lugar para fazer cadastro para receber presentes de Natal.
Policiais encontraram diversas fotos de crianças no celular de Thuanny, além de conversas com o militar. Em uma delas, a mulher diz que um bebê nasceu no maternidade. O homem responde “quero ver”. O estupro contra a menina de dois anos foi confirmado, segundo a delegada.
“Ao longo da semana iremos colher novos depoimentos e avaliar a possibilidade de haver um esquema de tráfico de crianças. Acredito que isso pode estar acontecendo há muitos anos, pelo menos desde a década de 1990, quando ele foi flagrado em uma situação semelhante”, disse Cristiana, em entrevista ao jornal O Globo.
Em depoimento à DCAV, Thuanny e a a irmã, Izabela Pimenta de Souza, levada à delegacia como testemunha, confirmaram que o militar tinha interesse em crianças. Ele chegava a viajar com crianças da comunidade Uga-Uga, autorizado pelos pais.
O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Paulo Melo, um dos responsáveis pela prisão em flagrante de Chavarry em 1993, disse não duvidar sobre os crimes cometidos pelo militar.
“Fui eu que o prendi. Presidia a Comissão da Criança e o Disque-Criança. Recebi a informação e encontrei uma criança de aproximadamente 4 meses jogada ao chão nua, num imóvel em Bangu, por cima de um forro de cobertor sem nenhum tipo de ventilação, desidratada. Ele (coronel) foi preso em flagrante. Na época, suspeitávamos de tráfico internacional de crianças. Houve muita pressão para liberá-lo. Acho que aquela não foi a primeira vez que ele cometeu esse tipo de crime e temo que agora não seja a última. Espero que, desta vez, a Justiça o condene. Está na hora de trocar a farda de coronel pela de presidiário”, relembra Melo.
Após o flagrante do último sábado, Chavarry foi levado à delegacia. De acordo com o porta-voz da PM, coronel Oderlei Santos, ele foi escoltado por um coronel do 3º BPM (Méier).