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Santa Casa faz alerta à sociedade no Dia Mundial de Combate à Sepse

Confira as 13 dúvidas mais comuns sobre a sepse

Ilustração

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Antes de você terminar de ler esta reportagem alguém morrerá de sepse no mundo. Cerca de 20 a 30 milhões de pacientes são acometidos de sepse a cada ano no planeta, dos quais 400 mil somente no Brasil, com um registro de 240 mil óbitos em território nacional. Esse número de vítimas equivale a três estádios do porte do Maracanã, no Rio de Janeiro, lotados.
No Dia Mundial de Combate à Sepse, a Santa Casa de Maceió lança um alerta para profissionais de saúde e para a sociedade sobre o problema: é preciso conhecer os sinais da sepse e prevenir o problema antes que o paciente entre em choque e em óbito.
Em linha geral, a sepse é uma resposta desordenada e desproporcional do organismo contra infecções provocadas por bactérias, fungos, vírus, etc. Esta tentativa exarcebada de combater o agente invasor acaba provocando inflamação generalizada em todo organismo, danificando órgãos e, por contraditório que pareça, facilitando a ação do agente invasor.
“A sepse é uma doença tempo-dependente, ou seja, é uma emergência médica na qual todos os pacientes devem receber intervenções básicas, como antibióticos e soro intravenoso, dentro da primeira hora de diagnóstico. Apesar de colhermos culturas (de sangue, urina etc.), não esperamos esses exames para começar a agir”, resume o médico Fábio Lima, coordenador do Comitê Gestor da Sepse da Santa Casa de Maceió. E acrescentou: “Em se tratando de sepse, a gente age e pergunta, tudo ao mesmo tempo”.
Atualmente a sepse é a principal causa de mortes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), matando mais do que o infarto do coração e do que alguns tipos de câncer.
“O Brasil tem uma das taxas mais altas de morte do mundo e nós precisamos reverter este quadro, envolvendo toda a população e evidentemente, melhorando a qualificação dos nossos profissionais de saúde”, disse o médico Fábio Lima.
A instituição alagoana, inclusive, é um dos 40 centros hospitalares brasileiros associados ao Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) entidade que, junto com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira e o Ministério da Saúde, busca reduzir a incidência da sepse no País.
Em Alagoas, a Santa Casa de Maceió participa da Campanha Mundial da Sepse desde 2008, mas foi em 2011, com a implementação do Protocolo Institucional de Sepse, que os números do combate ao problema ganharam maior visibilidade e vem reduzindo ano após ano os casos de sepse grave em pacientes.
Para alcançar este objetivo, a Gerência de Risco e Assistência Hospitalar (Gerah) e o Comitê Gestor de Sepse promoveram diversos treinamentos com os colaboradores do hospital e com o corpo clínico institucional. “Assumimos a responsabilidade de acompanhar os casos da enfermidade, garantindo sua execução, gerenciando indicadores, devolvendo dados e intervindo quando necessário junto às diversas equipes e unidades da nossa instituição”, comentou a médica Tereza Tenório, que está à frente da Gerah.

Confira a seguir as principais dúvidas sobre a sepse

O que a sepse?
A sepse ou sepsis é uma síndrome que acomete os pacientes com infecções severas. É caracterizada por um estado de inflamação que ocorre em todo o organismo secundária a invasão da corrente sanguínea por agentes infecciosos (geralmente bactérias). A resposta inflamatória do organismo a uma invasão microbiana maciça pode ser tão intensa que causa diversos distúrbios, como choque circulatório, alterações na coagulação e falência múltipla de órgãos.
O choque séptico é a forma mais grave de sepse?
Sim. Vamos imaginar um processo infeccioso localizado, como uma pneumonia, diarreia infecciosa ou infecção dos rins, por exemplo. Neste primeiro momento as bactérias estão alojadas em um órgão, no caso o pulmão, intestinos ou rim, e são combatidas pelos nossos mecanismos de defesa. Se a infecção não for rapidamente controlada, essas bactérias conseguem acesso à circulação sanguínea e se espalham pelo corpo.
E quando começam os problemas?
Os invasores já não se encontram em apenas um local e as células de defesa precisam agir em vários pontos ao mesmo tempo para combater a infecção. O organismo só sabe combater micróbios através da ativação de processos inflamatórios e neste momento é preciso ativá-lo difusamente. A partir deste ponto, perdemos controle sobre o processo de defesa e a inflamação fica descontrolada, passando a ser mais danosa do que o próprio agente invasor.
O que acontece quando o processo inflamatório surge em várias partes do organismo?
Ocorre uma dilatação dos vasos, levando a uma queda abrupta da pressão arterial, que caracteriza o estado de choque circulatório (neste caso específico chamado de choque séptico). Ocorre ainda nos vasos um aumento da permeabilidade dos mesmos, facilitando o extravasamento de líquidos para órgãos, causando a formação de edemas e inundação dos pulmões, causando insuficiência respiratória e a necessidade de ventilação mecânica (respiração por aparelhos).
Em que momento ocorre a falência dos órgãos?
Essas alterações da permeabilidade e pressão circulatória diminuem o aporte de oxigênio e nutrientes aos tecidos, levando a hipóxia (falta de oxigênio) e falência dos mesmos. O sistema de coagulação também é afetado e um dos eventos mais dramáticos da sepse é a coagulação intravascular disseminada (CIVD), um processo onde acontece simultaneamente a formação de múltiplos trombos e a presença de hemorragias. O doente com sepse grave pode apresentar necrose dos membros por trombose e sangramentos do sistema digestivo.
Qual o índice de mortalidade?
Quanto mais grave for a sepse, maior é o risco de morte. A sepse severa chega a ter uma mortalidade maior que 50%. Quanto mais precocemente for abordada, maiores são as chances de sobrevivência.
Quais são os sinais e sintomas da sepse?
Qualquer infecção mais grave pode levar à sepse. Muitos de vocês provavelmente já tiveram uma em estágio inicial. Para se caracterizar uma sepse basta apresentar uma infecção e 2 dos 4 sinais e sintomas a seguir:
– Temperatura maior que 38ºC ou menor que 35ºC
– Frequência cardíaca maior que 90 batimentos por minuto
– Frequência respiratória maior que 20 incursões por minutos
– No hemograma: leucócitos acima de 12,000 ou abaixo 4000 cel/mm3

Uma gripe mais forte pode fazer com que o paciente apresente critérios para sepse?
Sim. Esses critérios são sinais de alerta para os médicos, indicando que o paciente deve ser bem tratado para que o quadro não evolua.
Então, toda sepse é grave?
Nem toda sepse é grave, mas é sempre um quadro potencialmente grave. Considera-se sepse grave aquelas que também apresentam:
– Hipotensão e choque circulatório
– Piora da função dos rins
– Queda das plaquetas
– Alteração do estado de consciência
– Dificuldade respiratória
– Alterações da coagulação
– Diminuição da função do coração
Qual o tratamento da sepse e do choque séptico?
O tratamento da sepse deve ser iniciado o mais rápido possível. Quanto maior e mais difusa for a inflamação sistêmica, menor é a resposta ao tratamento e maior a mortalidade. Além da gravidade da infecção, outro fator importante no prognóstico é a capacidade do paciente em lutar contra a infecção. São fatores de pior prognóstico na sepse e no choque séptico:
• Extremos de idade (recém-nascidos ou idosos têm menos resistência contra infecções).
• Diabetes.
• Cirrose.
• Insuficiência renal crônica.
• Insuficiência cardíaca.
• Imunossupressão (como portadores do HIV, transplantados ou com câncer).
Qual o primeiro passo?
O tratamento inicial da sepse é com antibióticos para eliminar as bactérias e interromper o fator de estímulo ao processo inflamatório. Se houver sinais de queda da pressão arterial é essencial a imediata reposição de líquidos por via venosa para reverter a hipotensão. Quanto mais rápido se inicia o tratamento, maior a chance de sucesso.
E quando ocorre o choque?
Nos casos de choque pode ser necessário uso de medicamentos para estabilizar a pressão arterial. Muitos pacientes evoluem com insuficiência respiratória e/ou renal, necessitando de ventilação artificial e/ou hemodiálise, respectivamente. Quanto mais órgãos param de funcionar, maior o risco de evolução para o óbito. Portanto, pacientes que precisam de aparelhos para respirar, hemodiálise, drogas para controlar a pressão arterial, etc. apresentam elevado risco de morte.
É preciso UTI?
Pacientes com sepse grave ou choque séptico devem ser tratados em uma unidade de tratamento intensivo – UTI.
Qualquer infecção é preocupante?
Não se deve menosprezar a presença de uma infecção, principalmente se houver febre alta. A sepse grave não surge apenas de infecções graves como meningite ou pneumonia, ela também pode ser causada por infecções consideradas triviais como gripe, diarreias, sinusite ou faringite, principalmente se o paciente tiver problemas no seu sistema imunológico. O tratamento precoce da sepse pode evitar a evolução para um quadro catastrófico.
Referência bibliográfica: www.mdsaude.com