Lisboa, 20 set 2016 (Ecclesia) – O Papa está a visitar hoje a cidade italiana de Assis, para um encontro inter-religioso pela paz, num dia em que a Igreja Católica vive uma jornada mundial de oração por esta causa, “num mundo em guerra”.
Francisco disse esta manhã, na Missa a que presidiu no Vaticano, que todas as religiões se devem unir na oração ao “Deus da paz”, precisando que a iniciativa de Assis “nao é um espetáculo”, mas um encontro “para rezar e rezar pela paz”.
O pontífice argentino anunciou que tinha enviado uma carta aos bispos de todo o mundo, para que convidassem “os católicos, os cristãos, os crentes e todos os homens e mulheres de boa vontade, de qualquer religião, a rezar pela paz”.
“Não existe um Deus da guerra”, sustentou.
O Papa seguiu de helicóptero para Assis, onde aterrou no recinto desportivo “Migaghelli”, em Santa Maria dos Anjos.
Nesse local, Francisco foi recebido pelo arcebispo de Assis, D. Domenico Sorrentino, e pelas diversas autoridades civis e religiosas locais.
Já no Sacro Convento de Assis, Papa encontrou-se com patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I; com o arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby; com o patriarca siro-ortodoxo de Antioquia, Efrém II; e com representantes das religiões judaica, muçulmana e budista.
Este grupo segue depois rumo ao Claustro de Sisto IV, onde se reúne com representantes das várias Igrejas e Religiões Mundiais, e os bispos da região da Úmbria, de Itália.
Francisco esteve durante mais de uma hora a cumprimentar os presentes, incluindo o padre e poeta português José Tolentino Mendonça.
O encontro de Assis assinala o 30.º aniversário do primeiro evento do género, promovido pelo Papa João Paulo II; o santo polaco repetiu o gesto em 1993 e 2002.
O agora Papa emérito Bento XVI também promoveu encontros em Assis, em 2006 e 2011.
Na cidade italiana, o Papa Francisco vai encontrar-se com seis vencedores do Prémio Nobel da Paz e um grupo de 25 refugiados, para além de vários líderes religiosos e do mundo do pensamento e da cultura.
25 refugiados foram convidados para participar no Encontro Internacional pela Paz em Assis: 10 hóspedes da Comunidade de Santo Egídio em Roma; 10 do Centro de Acolhimento de Requerentes de Asilo (Cara) de Castelnuovo di Porto; e cinco da Cáritas de Assis.
Os refugiados vão almoçar com o Papa, no refeitório do Sacro Convento dos Franciscanos; em seguida, uma refugiada oriunda de Alepo, na Síria, e refugiada na região da Toscana, subirá ao palco para tomar a palavra.
A tarde começa com uma série de encontros pessoais entre o Papa e os diversos líderes religiosos; pelas 16h00 os participantes terão uma oração ecuménica pela paz, na Basílica Inferior de São Francisco, (Igrejas e comunidades cristãs) e noutros locais (para as outras religiões).
A Praça de São Francisco acolhe a cerimónia conclusiva, com testemunhos de vítimas da guerra, de responsáveis religiosos, do fundador da Comunidade de Santo Egídio, e com o discurso do Papa.
O encontro internacional e inter-religioso pela paz em Assis, que tem como tema “Sede de paz. Religiões e cultura em diálogo”, termina com a leitura de “um Apelo de Paz”, que será depois entregue a crianças de vários países, para o distribuírem pelos líderes políticos e diplomáticos ali presentes, após um momento de silêncio pelas vítimas das guerras.
O “Apelo da Paz” vai ser assinado pelo Papa e pelos representantes das várias confissões religiosas.
Antes de partirem, os responsáveis religiosos vão largar dois balões de papel iluminados e a trocar o abraço da paz.
A chegada do Papa Francisco de volta ao Vaticano, de helicóptero, está prevista para as 19h35 de Roma (menos uma hora em Lisboa).
JCP/OC