Alvo da Operação Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (20) que os investigadores do esquema de corrupção têm de separar o “joio do trigo” e precisam “acabar com o exibicionismo”.
Em entrevista ao chegar ao Senado pela manhã, o peemedebista reclamou ainda que os procuradores da República responsáveis pela operação têm de fazer denúncias “consistentes”.
Ele usou como exemplo denúncia formalizada na semana passada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Na ocasião, o coordenador da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, chamou Lula de “comandante máximo” do esquema de corrupção que agiu na estatal do petróleo.
A denúncia contra Lula abrange três contratos da OAS com a Petrobras e diz que foram pagos ao petista R$ 3,7 milhões em propinas. O ex-presidente, a ex-primeira-dama e outras seis pessoas foram acusados pelo MPF de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Na visão de Renan Calheiros, episódios como a denúncia apresentada contra Lula retiram “prestígio” da instituição. Ele defendeu que não se pode fazer denúncias por “mobilização política”.
“Eu acho que a Lava Jato é um avanço civilizatório, mas a Lava Jato tem a responsabilidade de separar o joio do trigo, acabar com esse exibicionismo, fazer denúncias que sejam consistentes. Acabar com o exibicionismo que nós vimos agora no episódio do ex-presidente Lula e vimos em outros episódios porque isso, ao invés de dar prestígio ao Ministério Público, isso retira prestígio do Ministério Público”, disse.
O senador do PMDB deu a declaração após ter sido questionado por jornalistas sobre supostos pagamentos de propina para a campanha política da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições presidenciais de 2014.
“É preciso fazer denúncias, claro, investigar, claro, mas fazer denúncias que tenham começo, meio e fim, que sejam consistentes, e não fazer denúncias por mobilização política, porque com isso o país perde, as instituições perdem também”, enfatizou.
Caixa dois
Questionado sobre a sessão da Câmara que tentou votar projeto que poderia anistiar políticos praticaram caixa 2, Renan Calheiros disse que não acompanhou as negociações para inclusão da proposta na pauta.
Para o presidente do Senado, é preciso uma “profunda” reforma política “Uma reforma que comece pela cláusula de barreira, passe pelo fim da coligação proporcional, e defina também regras transparentes para o financiamento de campanha” declarou.
Ele também fez uma crítica à tese de financiamento exclusivamente público das campanhas. “Temos mais de 30 partidos em funcionamento, mais de 530 mil candidatos disputando estas eleições. Imagine financiar esse número todo de candidatos com recurso público num momento em que o país precisa de recursos para saúde, educação, segurança e infraestrutura. Isso não seria bom”, afirmou.