O anúncio da entrada do Ceará como novo integrante da Primeira Liga gerou rusga dentro do Nordestão.
Uma articulação entre presidentes de federações das região chegou a ser discutida para que o clube fosse excluído. Entre os mais indignados, o representante pernambucano Evandro Carvalho, que ligou para colegas para reclamar e exigir a saída do time de Porangabuçu, ausência confirmada em 2017 após não conseguir vaga através de seu estadual.
Os cearenses ficaram com o título da competição em 2015 e estão entre seus fundadores.
O clube está no centro de proposta de reforma da Copa do Nordeste em 2018 e viu frustrada durante reunião recente em Salvador a sua expectativa de mudança imediata de formato que pudesse reconduzi-lo no ano que vem.
A resposta positiva ao convite da Primeira Liga é, inclusive, creditada a isso.
“Eu entendo que já que ele quer se filiar e jogar lá (na Primeira Liga), ele deve sair da Copa do Nordeste. Deve ser excluído da nossa competição e fazer parte da Rio-Sul-Minas. A nossa posição tem de ser muito radical: ou ele joga uma, ou ele joga outra”, disse Evandro Carvalho, em entrevista aoPrograma Jogada RPN.
Entre outros, Carvalho entrou em contato com Mauro Carmélio, presidente da federação cearense.
Não encontrou apoio.
“Houve manifestação aberta apenas dele, querendo me pressionar para que eu rompesse com meu filiado. Nao sou ‘menino’. Não concordei, aqui na federação cearense prezo pelo apoio aos meus filiados. O medo do Evandro da entrada do Ceará na primeira liga é um só: a briga pessoal que ele tem com o presidente do Sport (João Humberto Martorelli). O Ceará se filiando à Primeira Liga não afeta sua relação com a federação, com a liga do Nordeste e com a CBF”, afirmou Carmélio ao ESPN.com.br.
“Minha única preocupação com a sua filiação é que o clube não desrespeite os estatutos da federação e da CBF e isso já ficou acertado com o Robinson de Castro, presidente do Ceará”, prosseguiu.
“Quanto à liga do Nordeste, não ouvi nenhuma manifestação de desagrado ou descontentamento do Alex Portela, seu presidente, por fim entendo que cada federação deve respeitar a sua territorialidade, não intervindo na vida e funcionalidade de sua co-irmã e que os problemas da liga do Nordeste devem ser resolvidos pelos clubes do Nordeste que a compõe e não por federação que não é parte da liga, sendo apenas membro de apoio no momento da competição”, concluiu.
Sport e Bahia também foram chamados para aderir à Primeira Liga, por exemplo.
A entrada dos dois e outros passa, no entanto, por um acordo para mudar a Liga do Nordeste a partir de 2018 e torná-la supostamente mais atrativa. Em caso de fracasso, acabariam seguindo o mesmo caminho.
O Ceará defende a liberdade de cada um.
“Ele (Evandro Carvalho) não consegue liderar os clubes da terra dele e vem se meter na dos outros? Que ele se preocupe menos com a gente e deixe o nosso ecossistema aqui. O Ceará foi um clube que passou muitos anos fora do contexto nacional, não fez parte do Clube dos 13 e agora se organizou”, disse Robinson de Castro, mandatário do Ceará.
“Antes de tomar nossa decisão, conversamos com a maioria dos clubes e com o presidente da liga e nenhum deles viu qualquer problema. Agora vem um cara que não cuida dos clubes dele se meter conosco? Só pode estar de brincadeira”, completou.
Além do Ceará, a Primeira Liga anunciou como novos membros Brasil de Pelotas, Londrina, Tupi, Atlético-GO e Luverdense.
O seu nome é motivo de resistência entre os nordestinos por sugerir um suposto pioneirismo rebatido localmente.
O sorteio dos grupos da próxima Copa do Nordeste acontece no dia 4 de outubro, em João Pessoa.