As participantes do Projeto Mama confirmam, com suas próprias experiências, a tese de que o primeiro passo para lidar com o câncer de mama – e outros tipos de neoplasias – é mesmo a interação social.
Ademilda da Silva, há quatro anos no grupo Mulheres Vencedoras, recorda o momento em que iniciou o tratamento após o diagnóstico.
“Fiquei sem rumo e muito triste. Tinha raiva de mim mesmo. Para mim o tratamento era apenas um paliativo. A morte era o próximo passo. Mas, fui acolhida no grupo com muito carinho. O exemplo da Carolina [Gotack, veterana com oito anos de grupo] mostrava que era possível vencer o câncer”, comentou Ademilda.
Ela lembrou ainda que a oncologista Fabrízia Coutinho Lobo e a assistente social Somaya Rodrigues receberam-na com um abraço afetuoso, gesto que ela passou a repetir junto a todos no grupo, principalmente nas novatas. “Aqui nós cuidamos umas das outras, compartilhamos nossas vivências, nossos problemas e alegrias”, finalizou Ademilda, destacando também o papel da Rede Feminina de Combate ao Câncer no cotidiano do grupo.
Uma das mais antigas participantes do Projeto Mama – justamente Carolina Gotack – confirma a importância da convivência em grupo no tratamento das mulheres.
“A maioria chega muito fragilizada, o que é normal, porque todas nós, em menor ou maior grau, passamos por isso. Geralmente, elas têm uma conversa inicial comigo e, com base na minha experiência, percebem que é possível lidar com o câncer”, diz Carolina Gotack, que comemora 27 anos do fim do tratamento realizado na Santa Casa de Maceió.
Integrante da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Aidê Tojal também vem ajudando as psicólogas Anamarina Soares e Elisangela Falcão na articulação do grupo. Ela também deixou seu depoimento em forma de lição de vida.
“É preciso desmistificar a doença e a própria finitude do ser humano. Todos nós, jovens, adultos ou idosos, teremos o nosso dia. O importante não é quando chegará a nossa hora, mas como vivemos o aqui e agora”, filosofa, com precisão, Aidê Tojal.