A realização do evento é de responsabilidade do Comitê Gestor do Centro Xingó de Convivência com o Semiárido, um espaço de capacitação, troca de experiências e desenvolvimento de tecnologias voltadas para a inclusão socioprodutiva dos moradores do semiárido. A ideia é proporcionar alternativas econômicas, sociais e ambientais mais racionais para a região diante dos desafios impostos pelo clima.
Por conta da intensificação de extremos climáticos e um severo processo de desmatamento da vegetação local, hoje, 11 mil quilômetros quadrados do semiárido brasileiro são considerados áreas em estado avançado de desertificação. Ou seja, são territórios com baixíssimos porcentuais de pluviosidade e elevadíssimas temperaturas, em que é comum a salinização do solo e da água. Por isso, especialistas defendem a construção de novos modelos econômicos que levem em consideração a preservação da caatinga para evitar o avanço desse processo e, ao mesmo tempo, criar novas oportunidades de desenvolvimento.
Um dos integrantes do Comitê que organiza o seminário é o Instituto Brasileirode Desenvolvimento e Sustentabilidade – IABS, organização de atuação nacional que coordena diversos projetos em Alagoas com foco em aliar conhecimento tradicional e inovação científica. Para o diretor da instituição, Luís Tadeu Assad, existe um real potencial de desenvolvimento do sertão ainda inexplorado. Ele acredita que as chamadas “políticas de combate à seca” precisam ser reinventadas. “Antes o conceito que se trabalhava nas políticas públicas para a região era de sobrevivência no semiárido. Mas precisamos ir além. As comunidades locais já perceberam que você pode ter uma boa qualidade de vida com uma convivência harmônica e produtiva nesse ambiente, mas não nos moldes tradicionais que se tinha. Estamos vivendo um momento de forte inovação social”, analisa Tadeu.
Segundo o diretor presidente do IABS, que é doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), o momento é discutir alternativas que valorizem as possibilidades locais como o uso de tecnologias sociais como a implementação de sistemas mais eficientes de captação e armazenamento de água, ou a exploração de energias renováveis, como os biodigestores e a energia solar, tão abundante na região, por exemplo. Ele também aposta na valorização de práticas produtivas locais e no uso comercial das plantas nativas da caatinga como alimento, remédio e cosmético.