Advogados de Luciano Lucena (PMDB) dizem que condenação tem motivação política e que réu agiu em legítima defesa.
O julgamento do vereador por Palestina, Luciano Lucena de Farias (PMDB), acusado de assassinar a tiros o desafeto Manoel Messias, em 2009, acontece na manhã desta terça-feira (8) sob clima de tensão. Isso porque os advogados do réu, que confessou o crime, alegaram suspeição por parte do juiz John Silas da Silva.
A solicitação irritou o magistrado que respondeu se declarando automaticamente apto para ajuizar e sem qualquer ligação de amizade com a atual prefeita de Palestina, Eliane Silva Lisboa (PT). O vereador faz oposição a Eliane e os advogados sustentam que, caso haja condenação do réu, o benefício seria mais político do que pelo crime em si, já que Luciano Lucena alega ter matado Manoel Messias em legítima defesa.
“Ele é vereador, ele foi eleito como um dos mais votados e faz oposição à prefeita. É uma questão política, pois Luciano foi absolvido pelo júri de Pão de Açúcar, mas a promotoria solicitou o desaforamento com base na declaração de uma jurada que disse ter sido coagida pelo Luciano, mas a mesma veio à imprensa e emitiu tempos depois uma nota dizendo que nada disso era verdade”, defende o advogado Pedro Accioly.
O crime ocorreu em junho de 2009, em um bar localizado no Povoado de Lagoa de Pedra, em Pão de Açúcar, Sertão alagoano. De acordo com a denúncia, a morte ocorreu após a vítima ter chamado o réu de “ladrão” durante um carteado. Depois dessa discussão, a vítima teria ameaçado de morte o acusado que resolveu “matar antes para não morrer”. De lá para cá o julgamento foi adiado cinco vezes, inclusive com a suspeita de que o último tenha sido forjado pois o réu alegou ter sofrido um acidente que nunca ocorreu.
“O Ministério Público ofereceu denúncia em face do Luciano Lucena imputando-o crime de homicídio qualificado, por vingança. Dez meses antes do assassinato a vítima teria chamado ele de ‘ladrão’, mas ladrão na determinação do jogo. Luciano não gostou, deu um tapa na rosto da vítima e a vítima prometeu ir à forra sem nunca ter ido”, disse o promotor Antonio Villas Boas.
Para reforçar a tese, a acusação sustenta que a vítima sequer portava arma de fogo no dia que foi morta, o que reforçaria uma possível premeditação por parte do vereador. “Se a vítima fosse cumprir a promessa de dez meses atrás de que iria matá-lo jamais aceitaria ir conversar com o acusado. Temos exame do corpo cadavérico e todas as provas são bastantes robustas aliadas ainda à confissão do réu”, conclui o promotor.
O vereador foi reeleito na última eleição municipal ocorrida em outubro. Caso condenado, Luciano pode perder o mandato antes da diplomação que ocorre ainda em dezembro deste ano.
A previsão é que a sessão termine por volta das 21h desta terça-feira (8).