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Pagando em dia e sem dívidas, Chapecoense encanta, reúne torcidas e vira ‘time do Brasil’

Divulgação / Chapecoense

Divulgação / Chapecoense

A Chapecoense conseguiu na noite de quarta-feira, em uma Arena Condá abarrotada, entrar para a história, segurar os argentinos do San Lorenzo e garantir sua classificação inédita para a grande decisão da Copa Sul-Americana de 2016.

Nada mal para uma equipe que praticamente “renasceu” em 2009, quando subiu da Série D para a C, chegou à B em 2013 e, um ano depois, retornou à elite para não mais sair.

O melhor de tudo vem a seguir: mesmo sendo um clube de cidade pequena e de história curta, a Chapecoense virou exemplo de gestão e, apesar das baixas receitas, ela pode comemorar o feito de quase não ter dívidas a pagar.

Segundo estudo realizado pelo especialista em marketing e gestão esportiva Amir Somoggi,ela foi a agremiação que menos devia entre todas as 20 maiores no ano de 2015: só R$ 2,2 milhões, número muito menor que o próximo na lista, o também catarinense Joinville (R$ 15,8 milhões).

Mais que isso: a Chapecoense segue se mantendo na primeira divisão e terminando dignamente os últimos Brasileirões sendo um dos times que menos recebem em direitos de televisão (R$ 25 milhões, o terceiro pior) e patrocínio e publicidade (R$ 7 milhões, o quarto pior), além de gastar menos com departamento de futebol (R$ 41,1 milhões, o quarto mais barato) e com transferências (R$ 4 milhões, o segundo menor).

Atualmente, por exemplo, o “Verdão do Oeste” é o nono colocado do certame nacional, com 52 pontos ganhos, só três abaixo do Botafogo, que seria o primeiro time a se classificar para a Libertadores da América via G-6.

Todo seu primor na gestão não só dá resultados dentro de campo, mas também gera satisfação fora dele. Em março deste ano, a diretoria da Chapecoense reuniu seus funcionários em um café da manhã e surpreendeu ao anunciar a todos que receberiam o 14º salário. Tudo como premiação por manter o time na elite desde 2014.

“Foi um reconhecimento ao trabalho de todos eles. Uma forma de mostrar a importância de cada um em nosso dia-a-dia. Do roupeiro ao presidente. Mais do que merecido. Essa foi uma decisão de toda a diretoria. E deixamos claro que iremos repetir em caso de manutenção na primeira divisão por mais um ano”, afirmou à época o mandatário Sandro Pallaoro, em entrevista ao ESPN.com.br.

Foi só árbitro soar o apito final – após uma defesa milagrosa do goleiro Danilo, no último segundo, diga-se – para não só a Condá explodir, como também as redes sociais.

O mais curioso, porém, é o fato de não apenas torcedores da Chapecoense comemorarem o feito inédito de um catarinense na decisão de um torneio internacional, mas também a de diversos outros clubes do futebol brasileiro.

A Chape virou, de fato, o “time do Brasil”.

Fãs de Palmeiras, Flamengo, Santos, Atlético-MG, outros gigantes, e até de “rivais”, como Avaí e Figueirense, imediatamente demonstraram seu carinho e apoio pela equipe que atualmente encanta o país.

“Um time de futebol que paga os salários em dias e joga como time grande, merece respeito! Chapecoense jamais foi rebaixada para a Série B! Fará dupla com o meu Avaí na Série A 2017! Chapecoense, a Sul-Americana é sua!”, escreveu o torcedor Carlls Fidelis, na parte de comentários do ESPN.com.br. Este foi só um dos vários exemplos.

Outro fato curioso também chamou atenção na torcida pela Chapecoense. Logo quando foi noticiado que a equipe não poderia jogar a final da Sul-Americana contra Atlético Nacional-COL ou Cerro Porteño-PAR na Arena Condá por conta de sua capacidade, houve diversas manifestações de fãs das outras equipes “chamando” o clube para os estádios de seus locais de nascimento, como Allianz Parque, em São Paulo, Maracanã, no Rio de Janeiro, Arena da Amazônia, em Manaus, e até mesmo Beira-Rio, em Porto Alegre.

“Traz pro Maraca, Chape! 74 mil vozes ao seu favor, o país está com vocês”, comentou o fã de esportes Sérgio Guzzo.

O desafiante do “time do Brasil” na final continental será definido nesta quinta-feira, a partir das 22h45 (de Brasília), no Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia.