Desde o início dos anos 2000, pesquisas têm comprovado a efetividade da cirurgia metabólica para tratar o diabetes mellitus tipo 2 (DMT2). As ações antidiabéticas deste procedimento, mesmo em pacientes não obesos mórbidos, têm mudado a vida de quem opta pelo método.
Segundo o cirurgião alagoano, Antônio de Pádua, a diferença entre as cirurgias bariátrica e metabólica está na sua indicação. O médico, com mais de 5 mil cirurgias no currículo em seus 49 anos de prática médica, é um dos especialistas que realizam os dois tipos de procedimentos em Alagoas.
Pádua está nos Estados Unidos onde participa de mais um congresso internacional sobre diabetes e obesidade, o Diabetes & Obesity Summit. O encontro acontece no Havaí até 14 de janeiro e reúne especialistas de várias partes do mundo para discutir os avanços no tratamento dos dois problemas.
“Durante dois dias e meio teremos a oportunidade de conferir os avanços na fisiopatologia da obesidade e diabetes tipo 2, além de estratégias preventivas e abordagens terapêuticas. Para um cirurgião que tem o desafio de mudar a rotina de seu paciente, poder trocar informações com especialistas do mundo todo, é um ganho sem tamanho para seu trabalho”, disse Antônio de Padua.
Bariátrica x metabólica
Mas, o que torna um paciente apto para a cirurgia bariátrica? Diferente das operações bariátricas, indicadas quando o indivíduo tem problemas secundários relacionados ao ganho de peso como doenças de coluna e articulares, refluxo gastro esofageano e incontinência urinária dentre outros, mas não possui outros problemas metabólicos como o diabetes e a hipertensão, a metabólica é aplicada para a melhora dos componentes da síndrome metabólica – pressão, glicemia e colesterol – independente do Índice de Massa Corpórea (IMC) do paciente.
“O foco da cirurgia metabólica não é o peso, mas o controle de doenças como a diabetes tipo 2. O paciente, após o procedimento, pode sair do hospital sem precisar tomar insulina, por exemplo. Tudo vai depender de como seu corpo reage a cirurgia. Mas a melhora no estado geral é quase que imediata”, explica o médico.
Ainda segundo Antônio de Pádua, somos uma população de 6,5 bilhões de habitantes. Destes, 400 milhões são diabéticos. “No Brasil, temos quase 13 milhões de pacientes diagnosticados. Em Alagoas, são registradas quase 300 mil pessoas com a doença. E Maceió está na frente, seguida de Arapiraca e Coruripe. Para se ter ideia, nosso estado é o campeão brasileiro em número de mortes por diabetes. Temos mais mortes proporcionalmente aqui do que em São Paulo. Lá, morrem 26 pacientes a cada 100 mil. Aqui, neste comparativo, o número sobe para 56”, explica o médico.
Enquanto o IMC atualmente representa um parâmetro significativo na indicação da cirurgia bariátrica, existem evidências de que o IMC sozinho não deve ser fator limitante para eventualmente indicar o tratamento cirúrgico para diabetes tipo 2.
Estudos Clínicos
Desde o início dos anos 2000, estudos feitos em animais e seres humanos vêm mostrando que existem ações antidiabéticas nas cirurgias metabólicas, que independem da perda de peso e do IMC, chamados de mecanismos antidiabéticos diretos. Por causa desses estudos, nos quais o Brasil é pioneiro, especialistas do mundo todo começaram a perceber a importância dessas cirurgias para tratar o diabetes.
Mundialmente, o diabetes tipo 2, mesmo com as drogas mais modernas, é de difícil de ser controlado. A partir dessa informação, esforços foram feitos para que houvesse um consenso entre diversas especialidades para modificar a indicação de cirurgias para diabéticos não controlados.
Sobre o Dr. Antônio de Padua
O cirurgião Antônio de Pádua tem mais de 5 mil cirurgias no currículo em seus 49 anos de prática médica. Recentemente, realizou uma cirurgia em um paciente com obesidade mórbida que tinha os órgãos invertidos (situs inversus totalis).