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“Sangue de nosso filho foi derramado por nada”, diz pai sobre libertação de Mubarak

Reuters

Libertação do ex-ditador Hosni Mubarak deixa gosto amargo para familiares de manifestantes da Primavera Árabe

Nesta segunda-feira (13), a justiça egípcia anunciou a decisão de libertar o ex-ditador Hosni Mubarak. As acusações de incitação ao assassinato de manifestantes em 2011, em que 850 pessoas perderam a vida, foram abandonadas.

Acusado de encorajar as forças do poder a matar manifestantes durante os 18 dias de revolta da Primavera Árabe, em 2011, o ditador Hosni Mubarak teve diversas sentenças: foi condenado à prisão perpétua em junho de 2012; em novembro de 2014, um novo julgamento recomendou que as denúncias fossem arquivadas, mas a procuradoria entrou com um recurso. Finalmente, em 2 de março deste ano, a Corte de Cassação ordenou o abandono de todas as acusações. Desde que foi detido, em 2011, ele esteve sob prisão domiciliar em um hospital militar no Cairo.

Mubarak está proibido de deixar o país, pois ainda está sendo investigado por corrupção. Em janeiro de 2016, o ribunal de recursos confirmou uma sentença de três anos de prisão contra ele e seus dois filhos, por corrupção.

A família teria desviado mais de €10 milhões, destinados à manutenção do palácio presidencial. Além dos 3 anos de prisão, os três foram condenados a pagar uma multa de 125 milhões de libras egípcias (cerca de €15 milhões) e reembolsar 21 milhões de libras (€2,5 milhões) ao Estado. A última sentença considerou o tempo que Moubarak passou na prisão. Os dois filhos, Alaa e Gamal, já estão livres.

O país não guarda mais sinais de avanço ou abertura, estando sob o jugo militar do general Abdel Fatah al-Sisi.

Libertação de Moubarak tem gosto amargo

As famílias dos egípcios mortos durante a rebelião reagiram com indignação.

Para Khalifa Ahmed, de 69 anos, que perdeu seu filho Ahmed em 28 de janeiro de 2011, “a sentença não faz sentido”. Mostafa Morsi, que também perdeu seu filho, Mohamed, no mesmo dia, denunciou “uma justiça corrompida”. “O sangue de nosso filho foi derramado por nada (…) A corrupção voltou com toda a força”, desabafou o pai do manifestante morto.

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