Pessoas sem condições de pagar pelo serviço são as principais beneficiadas
“Salvar” dentes para garantir a função mastigatória e o sorriso de crianças, adolescentes e adultos. É com essa missão que, desde 2016, a equipe multidisciplinar do projeto de extensão Trauma Dental trabalha na Clínica da Faculdade de Odontologia (Foufal) da Universidade Federal de Alagoas, onde atende, de modo gratuito, pessoas que sofreram traumatismos na dentição permanente.
O grupo é interinstitucional, formado por estudantes e docentes de odontologia da Ufal, dos centros universitários Cesmac, Tiradentes (Unit), Maurício de Nassau e Faculdade de Tecnologia de Alagoas (FAT). Eles se revezam no atendimento dos mais diversos tipos de situações emergenciais de traumas dentários, a exemplo de fratura de coroa, de raiz e avulsões (quando o dente sai da boca).
“Salvamos muitos dentes, sobretudo, de crianças. O público infantil representa a maioria do nosso atendimento e isso tem um impacto muito positivo ao evitar transtornos no crescimento do complexo dento – alveolar”, explica a professora da Foufal e uma das coordenadoras do projeto, Inês Jacyntho Inojosa. “Evita-se também transtornos psicológicos, uma vez que, diante da perda de um dente permanente, a criança não pode colocar implante por conta da idade. Sem esquecer o custo muito alto desse tipo de procedimento em pacientes adultos”, acrescenta. Ela esclarece que os implantes, geralmente, só podem ser colocados a partir de 17 anos, momento em que os ossos do maxilar (parte superior) e da mandíbula (parte inferior) já se desenvolveram.
A coordenadora reforça que “os traumas dentários têm alta prevalência e a dor resultante, os impactos funcional e estético podem causar um sério efeito psicológico e emocional, além de perdas dentárias irreparáveis”, por isso, adverte, “o tratamento é fundamental para evitar interferências negativas nas relações sociais e nos aspectos funcionais do paciente”.
Nos atendimentos da clínica da Foufal, informa a professora, já se constatou que os dentes mais comumente afetados são os incisivos superiores, localizados na região anterior da arcada dental, os famosos “dentes da frente”. “Por causa das brincadeiras infantis, das práticas esportivas e quedas, essa é a região mais suscetível, conta Inês Inojosa.
Para a docente, de um modo geral, ainda há muita falta de informação quando se refere à saúde da dentição. “Infelizmente, diante de um trauma, as pessoas têm o hábito de esperar dias ou semanas para procurar atendimento. No caso do adulto e, em especial, da criança com dentição mista, ou seja, com a presença de dentes de leite e permanente, é preciso avaliar o dano dental o mais urgente possível para evitar sequelas graves”, alerta. “Estando a criança em fase de crescimento, a demora no atendimento pode gerar consequências prejudiciais para o crescimento do osso alveloar da maxila e mandíbula”, afirma ao esclarecer que a partir dos 6 anos já começam a nascer os dentes permanentes.
Local e horário de atendimento
O atendimento para pessoas com traumas dentários é realizado na Clínica de Odontologia da Ufal, localizada no Campus A.C. Simões, nos dias de segunda (a partir das 8h) e de quarta-feira (com início às 13h30). Os serviços prestados são gratuitos e o atendimento infantil é para crianças a partir de 6 anos.
Os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar com profissionais das áreas de endodontia, dentística, periodontia, prótese e ortodontia. Segundo a coordenadora, é realizada uma avaliação pela equipe para verificar o dano causado pelo trauma e planejar o tratamento, que pode ser simples e rápido ou exigir mais atendimentos.
“O custo do tratamento dos traumas dentários costuma ser alto e não há um centro de serviço especializado na saúde pública de Alagoas. Esse projeto tem uma função social muito importante, pois oferece à população carente essa modalidade de tratamento odontológico, buscando as melhores opções disponíveis na atualidade”, destaca a professora Inês.
A equipe do projeto também faz palestras e campanhas educativas sobre prevenção e tratamento curativo dos traumatismos dentários em escolas e comunidades. Os interessados precisam entrar em contato com a Secretaria das Clínicas da Foufal, por meio do telefone (82)3214-1163, ou comparecer ao local nos dias de atendimento para mais informações.
Para quem deseja fazer parte do projeto
Por ser de caráter interinstitucional, qualquer estudante ou profissional interessado pode fazer parte do Trauma Dental. Além da professora Inês, os trabalhos do projeto contam com a coordenação dos docentes Ricardo Bessa Nogueira e Stela Maris Nobre.
“Precisamos de odontopediatras para que possamos atender crianças menores de 6 anos”, informa a coordenadora. Psicólogos e profissionais da computação também são bem-vindos. “Pensamos em criar um aplicativo para auxiliar no atendimento e precisamos de parceria”, reforça.
Mais informações podem ser obtidas no site do projeto na página do Facebook ou no Instagram.