O Dia Municipal da Conscientização da Síndrome do Espectro Autista foi tema, na manhã desta segunda-feira (3), de audiência pública no Plenário da Câmara Municipal de Maceió. O debate foi realizado por iniciativa da vereadora Tereza Nelma (PSDB), autora também da Lei nº 6.354/2015 que criou a data para marcar e alertar sobre a necessidade de implementação de políticas públicas em favor das pessoas com autismo.
Mariana Fabiana Lisboa, coordenadora-geral do Centro Unificado de Integração e Desenvolvimento do Autista da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Isa Laura Cabral de Omena Almeida, da Organização Não-Governamental (ONG) Amor Perfeito Azul, de Arapiraca, proferiram palestras sobre o tema.
Profissionais de saúde, de entidades que atuam no atendimento a pessoas com deficiência, gestores municipais, familiares de pessoas com autismo e conselheiros tutelares participaram do debate, que teve a presença também do deputado estadual Leo Loureiro (PPL).
A vereadora Tereza Nelma destacou que a data mundial foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, porém, segundo ela, ainda são muitas as barreiras a serem transpostas. Ela fez um apelo ao deputado Leo Loureiro para que viabilize a realização de um censo sobre as pessoas autistas em Alagoas e que o levantamento seja encaminhado à Assembleia Legislativa Estadual (ALE) para a aprovação de uma lei específica no Estado.
A psicóloga Fabiana Lisboa disse que a Apae atende 120 crianças com autismo. A especialista fez uma apresentação do Projeto Cuida, que trabalha com pessoas com autismo e destacou a importante da integração, independente, segundo fez questão de pontuar, de política.
“Hoje isso é muito forte: cada pessoa quer defender o seu pedaço. Quem perde são as pessoas com deficiência. A luta é por uma causa e enquanto as pessoas tiverem com essas bandeiras pessoais, vamos perder força na defesa dessa causa. Independentemente de onde os filhos de vocês estejam sendo atendidos, de onde vocês trabalham, vamos defender a causa”, afirmou.
Fabiana Lisboa defendeu ainda a ampliação do tratamento. “É preciso sair do convencional. Precisamos colocar esses meninos e meninas na sociedade. Precisamos sair da ideia estereotipada. As pessoas são diferentes e os nossos meninos também são. Precisa haver um atendimento diferenciado para elas, muito mais do que o SUS apresenta”, disse.
Mãe de Hiago um garoto autista, Isa Laura Cabral, da ONG Amor Perfeito Azul, do município de Arapiraca, alertou para a necessidade de especialização no atendimento a autistas. Afirmou que o filho estuda em escola regular e disse que desde 2011 a ONG tem levado a Arapiraca profissionais para capacitar as pessoas que trabalham com pessoas com autismo. O filho, Hiago, demonstrou o desenvolvimento alcançado, e, da Mesa Diretora, falou: “Somos gente, que sonha, que ama, somos cidadãos e temos direitos”, disse, emocionando os presentes.
CONTINUADA – O deputado Leo Loureiro alertou para as consequências da reforma da Previdência, que em um de seus artigos desvincula, segundo ele, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo. O benefício é assegurado a familiares de pessoas com deficiência, impedidas de trabalhar para cuidar de seu parente. Com a desvinculação, o parlamentar alertou que ao longo dos anos haverá uma redução drástica do valor pago hoje.
Mães e pais de pessoas com autismo usaram a tribuna da Câmara para falar sobre a experiência de ter um filho autista e ao mesmo tempo mostrar como é possível superar os obstáculos, a importância do diagnóstico precoce no tratamento, o papel da escola, a integração e a necessidade de implementação de políticas públicas.
Mauricéia, que está grávida do segundo filho, afirmou que “muitas pessoas me perguntam por que fui engravidar de novo depois de 14 anos, se tendo um filho autista. A gente não tem que se apegar às dificuldades da vida. A gente tem que passar por elas. Não me vejo sem meu filho”, afirmou emocionada.
Ao final, ficaram os compromissos assumidos pelo deputado Leo Loureiro de apresentar na Assembleia Legislativa, Projeto de Lei que cria o Dia da Pessoa com Síndrome do Espectro Autista. A vereadora Tereza Nelma irá solicitar uma audiência com a reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Maria Valéria Costa Correia para falar sobre a importância dos profissionais de educação física no trabalho de saúde, como é o caso do atendimento aos autistas, além de reunião com o presidente do Conselho Regional de Medicina para discutir a importância do diagnóstico médico precoce para criança com deficiência.
SEGURANÇA – O calendário de sessões especiais e audiência públicas do mês de abril segue no próximo dia 7, com a realização de audiência para discutir a questão da segurança nas unidades de saúde de Maceió. A sessão está marcada para as 9h e foi proposta pelo vereador Luciano Marinho (PTN). No requerimento apresentado à presidência da Casa, o parlamentar, que preside a Comissão de Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público, defende que “há necessidade urgente de se discutir a questão por conta de constantes problemas que têm ocorrido e deixado vulneráveis os servidores e cidadãos que dependem dos serviços e daqueles equipamentos de saúde”, afirma.