Pesquisa envolve estudo de esqueletos provenientes de cemitérios indígenas dos povos Cariri
Indícios que apontam a existência de sítios arqueológicos com restos ósseos humanos na cidade de Pocinhos, na Paraíba, motivaram a parceria firmada entre o Núcleo de Pesquisa e Estudos Arqueológicos e Históricos (NUPEAH), do Campus do Sertão da Ufal, com o Instituto Memorial da Borborema, daquele estado. A parceria visa proporcionar pesquisas arqueológicas e envolve o estudo de esqueletos provenientes de cemitérios indígenas, provavelmente, dos povos Cariri, que ocuparam desde a Pré-História a região do Planalto da Borborema. Uma das pesquisas em desenvolvimento é a que integra parte do doutorado do professor e arqueólogo Flávio Augusto de Aguiar Moraes, na Universidade de Coimbra (Portugal).
Docente do curso de História e coordenador do Núcleo do Campus do Sertão, Flávio Moraes informa que o doutorado, pelo Programa de Antropologia Biológica da instituição portuguesa, tem como foco o estudo de esqueletos provenientes de cemitérios indígenas. E destaca: “Nas escavações do sítio arqueológico de Pocinhos, foi identificado um cemitério, provavelmente Cariri, com enterramento coletivo, com indivíduos de várias faixas etárias, desde recém-nascidos a indivíduos adultos. Associado a esse enterramento, foram encontrados objetos pessoais utilizados pelos indígenas, tais como artefatos líticos, entre eles, contas de colares e ossos de aves, a exemplo do bico de periquito”, enfatiza o arqueólogo.
A pesquisa, que objetiva fazer uma caracterização biológica dos povos Cariri, encontra-se na fase de análise científica do material coletado e conta também com a parceria do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da Unidade Estadual da Paraíba (UEPB). Flávio adianta que no próximo mês de maio, concomitante à fase de análise em laboratório, haverá escavações no sítio arqueológico Pedra da Tesoura, localizado no município paraibano Boqueirão. E acrescenta: “Em meados de junho está prevista a entrega do relatório ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para subsequente aprovação”, enfatiza o arqueólogo. Ele diz ainda que, para complementação do estudo em curso, algumas amostras possivelmente seguirão para datação na Espanha.
Segundo o pesquisador, as informações existentes sobre os povos Cariris são advindas de escritos dos cronistas que estiveram na região no período colonial. “As informações são muito restritivas no que se refere a algumas características, como a condição de saúde desses grupos, do que se alimentavam, se havia divisão entre os sexos nas atividades desenvolvidas, se haviam privilégios alimentares que estariam relacionado à condição de status dentro do grupo”, reforça.
A pós-graduação do docente da Ufal integra o Programa de Doutoramento em Antropologia Biológica da instituição portuguesa e tem conclusão prevista para 2018. Participam da equipe de campo estudantes do curso de História da Universidade Estadual da Paraíba e um aluno do Mestrado em Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A cada dois meses, Flávio Aguiar disse vir ao Brasil para desenvolver pesquisas de campo e coleta de dados. São parceiros ainda do estudo a Universidade de Coimbra e a Prefeitura de Municipal de Pocinhos, instituições que têm proporcionado o apoio logístico às atividades.
Núcleo do Sertão
O Núcleo de Pesquisa e Estudos Arqueológicos e Históricos (NUPEAH) foi criado no ano de 2012 e surgiu da necessidade de se ter um espaço no Sertão de Alagoas que permitisse, inicialmente, o diálogo e aproximação entre o conhecimento arqueológico e outras áreas do conhecimento para atender uma demanda na região do semiárido. Mas as ações na área têm extrapolado os limites geográficos de Alagoas.
A parceria para a realização da importante pesquisa marca a abrangência e aprofundamento dos estudos na área sob a responsabilidade do NUPEAH, cujo setor instalado no Campus do Sertão tem como um dos objetivos permitir o diálogo e a aproximação entre o saber arqueológico e outras áreas do conhecimento. Busca também fornecer subsídios para que os estudantes do curso História possam desenvolver seus trabalhos de conclusão de curso com a temática da arqueologia.
Instalado na Unidade Educacional Delmiro Gouveia, sede do Campus do Sertão, o Núcleo tem como vice-coordenador o professor Aruã Silva e está cadastrado no CNPq como grupo de pesquisa. Além de projetos de pesquisas, realiza atividades voltadas à Arqueologia e Educação Patrimonial e Licenciamento Arqueológico. Para mais informações acessar o link: http://cnpq.br/dgp/