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Caso Douglas Vasconcelos: Julgamento deve prosseguir até a madrugada

Déborah Moraes / Alagoas24horas

Caso Douglas Vasconcelos Julgamento deve prosseguir até a madrugada

Com a tribuna cheia, o julgamento dos primos Clebson Luciano Mota da Silva e José Carlos Oliveira Rocha Júnior, acusados pelo assassinato do estudante Douglas de Oliveira Vasconcelos, em 2007, acontece desde a manhã desta quarta-feira, 19, e deve prosseguir até a madrugada.

Iniciado por volta das 9h10, o 3º Tribunal do Júri de Maceió ouviu pela manhã nove das dez testemunhas arroladas pela acusação e defesa. Após o intervalo para o almoço a sessão foi retomada, por volta das 15h, para a oitiva da última testemunha de defesa, a mãe da vítima, Gracileide Vasconcelos.

Interrogada pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim, Gracileide Vasconcelos falou da relação que o filho tinha com amigos e familiares e do relacionamento amoroso que Douglas manteve com José Carlos, um dos acusados, por pelo menos quatro anos. Ela disse que a relação dos dois era conflituosa, e que chegou a aconselhar aos dois, separadamente, a encerrar o romance. No relato, a mãe voltou a afirmar que o filho ajudava financeiramente o suposto namorado, escondido da família, e que o desejo de José Carlos de manter o suposto relacionamento em sigilo era uma das queixas mais frequentes do filho.

Déborah Moraes / Alagoas24horas

Caso Douglas Vasconcelos Julgamento deve prosseguir até a madrugada

Sobre o desaparecimento de Douglas, Gracileide explicou que dias após o filho ter sumido procurou o réu numa faculdade onde ele estudava e este teria confirmado que deu carona ao rapaz, mas que ele, Douglas, teria se irritado e saído do carro ao saber que ele ainda iria buscar um primo no bairro do Benedito Bentes. Este teria sido o último encontro dos dois.

Essa versão é a mesma apresentada pela defesa dos réus, conduzida pelo advogado Welton Roberto, que ressaltou que os depoimentos colhidos na parte da manhã não trouxeram nenhuma novidade ao caso.

Ele afirma ainda que não há provas materiais que sustentem a acusação e que o suposto relacionamento amoroso entre Douglas e José Carlos não passava de um “amor platônico” por parte do Douglas. “A acusação está buscando um caminho mais fácil, ligando o crime a alguém do convívio do Douglas, mas esse suposto relacionamento nunca existiu. Tanto que nenhuma das amigas da vítima conhecia o José Carlos pessoalmente. Era tudo baseado no que o Douglas falava”, explicou o advogado de defesa.

A respeito da suposta mancha de sangue encontrada no carro de José Carlos por funcionários de um lava-jato, o advogado disse que exames técnicos comprovaram que o líquido vermelho não era sangue e que não havia nenhum vestígio de material genético da vítima no veículo.

As famílias, que acompanham o julgamento desde a manhã, não quiseram conversar com a imprensa, mas ambas se mostraram confiantes em bons resultados.

Após a finalização do último depoimento os dois réus devem ser interrogados e em seguida será dado início a fase de debates. Não há previsão de horário para finalização de cada etapa. Há a possibilidade do julgamento não ser concluído hoje.

Sobre o caso

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP/AL), Douglas de Oliveira desapareceu no dia 9 de setembro de 2007, por volta das 18h, após sair de sua casa no bairro Gruta de Lourdes para ir a um show no Jaraguá pegando carona com José Carlos Júnior.

Conforme investigações, as agressões à vítima teriam começado ainda no veículo, já que manchas de sangue foram encontradas no carro por trabalhadores de um lava-jato. A morte da vítima teria sido violenta e brutal por meio de instrumento pontiagudo, conforme laudo de exame cadavérico.

Indícios mostraram ainda que o relacionamento entre o Júnior e Douglas era conflituoso e que Douglas teria contraído empréstimos para pagar dívidas do acusado, esvaziado sua poupança, pagou despesas com conserto do veículo que o réu usava, além de tê-lo como dependente no cartão de crédito.

O crime teria sido motivado devido a pressão que a vítima fazia para tornar público o relacionamento amoroso dos dois. O corpo de Douglas de Oliveira foi encontrado já em estado de decomposição quase um mês após o crime, no dia 5 de outubro, próxima à Usina Roçadinho, na cidade de Roteiro.