Os franceses vão às urnas para escolher o próximo presidente da República, que substituirá o socialista François Hollande após cinco anos de mandato marcados por crise econômica, desemprego e principalmente por atentados terroristas. Esta é a primeira vez que uma eleição presidencial acontece na França com o país sob estado de emergência, decretado após os ataques de novembro de 2015 em Paris. O pleito também é realizado menos de uma semana após a detenção em Marselha (Sul) de dois homens suspeitos de planejar um atentado.
Temendo novos ataques, as autoridades mobilizaram mais 50 mil policiais e agentes em todo o país, apoiados por 7 mil militares. “Nada deve prejudicar o encontro democrático”, afirmou o primeiro-ministro Bernard Cazeneuve.
Segundo o código eleitoral francês, a presença de policiais armados é proibida dentro das zonas eleitorais, o que fez com que as autoridades concentrassem a vigilância principalmente nas ruas e em volta das escolas, onde acontece a votação. As bolsas dos eleitores também serão revistadas antes da entrada nas seções de eleitorais.
O clima de tensão pode ser sentido já na véspera do voto. Na tarde de sábado (21), um homem armado com uma faca foi detido na Gare du Nord, uma das estações de trens mais frequentadas da Europa, no norte de Paris. Mesmo se o suspeito não resistiu no momento da detenção, o episódio provocou um movimento de pânico, com várias pessoas abandonando suas malas e correndo para se proteger.
Quem são os candidatos?
Os eleitores deverão escolher entre 11 candidatos. Os favoritos são Marine Le Pen, de 48 anos (Frente Nacional, extrema-direita), François Fillon, de 63 anos (Os Republicanos, direita), Emmanuel Macron, 39 anos (Em Marcha!, centro), Jean-Luc Mélenchon, 65 anos (França Insubmissa, esquerda radical). Os quatro, que deixaram para trás o socialista Benoît Hamon, de 49 anos, têm chances de chegar ao segundo turno.
Os outros candidatos são os nacionalistas Nicolas Dupont-Aignan e François Asselineau, a trotskista Nathalie Arthaud, o independente Jacques Cheminade, o deputado de centro Jean Lassalle e o líder do Novo Partido Anticapitalista (NPA) Philippe Poutou. Nenhum deles parece ter chances reais de disputar o segundo turno, que acontece em 7 de maio.
Resultados rápidos, apesar do voto manual
Ao contrário do Brasil, o voto eletrônico é pouco usado na França. Os primeiros testes de urnas eletrônicas foram feitos em 2002, mas o sistema ainda suscita desconfiança e, para essa eleição, das mais de 36 mil cidades francesas, menos de 100 adotam o voto automatizado. Mesmo assim, os resultados normalmente são divulgados cerca de duas horas após o fechamento das seções eleitorais.
Tradicionalmente o voto termina às 18 horas (ou as 20h nas grandes cidades) e a contagem começa imediatamente. As autoridades selecionam algumas centenas de zonas eleitorais consideradas representativas e, a partir dessa amostragem de urnas já apuradas, o nome dos dois candidatos para o segundo turno é divulgado, às 20h pelo horário de Paris (15h em Brasília), na televisão pública.
Porém, como as pesquisas de opinião apontam um resultado apertado, com pequena diferença entre os candidatos que lideram a corrida presidencial, os números definitivos podem demorar muito mais para serem divulgados este ano, para evitar a surpresa de uma virada de última hora. Além disso, as zonas eleitorais fecham excepcionalmente este ano às 19h, o que pode atrasar ainda mais a contagem.