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Pesquisa mostra que a yoga é importante aliada contra câncer de próstata

acientes que fizeram duas sessões por semana na época em que se submetiam à radioterapia reportaram menos fadiga e melhor função sexual e urinária.

Flickr/Reprodução

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Muitos estudos já evidenciaram os benefícios da yoga à saúde da mulher. Agora, um trabalho da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, indicou que os exercícios milenares também podem ajudar homens em tratamento de câncer de próstata. Pacientes que fizeram duas sessões por semana na época em que se submetiam à radioterapia reportaram menos fadiga e melhor função sexual e urinária, comparados aos do grupo de controle. Esse é o primeiro estudo randomizado que investiga os efeitos da yoga sobre a qualidade de vida de homens em terapia para o câncer. Os resultados foram publicados na revista International Journal of Radiation Oncology, Biology, and Physics.

Todos os pacientes da pesquisa entraram no programa entre a sexta e a nona semana de radioterapia para tumor de próstata. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: parte integrou as aulas duas vezes por semana, enquanto o restante serviu como controle. Aqueles que já praticavam yoga por conta própria não puderam entrar no estudo, assim como aqueles com histórico de radioterapia prévia ou que apresentavam metástases.

Cada sessão durava 75 minutos, começando com cinco minutos de exercícios de respiração e atenção. Os últimos cinco minutos consistiam na savasana, uma postura comum da técnica. Durante as sessões, os pacientes aprenderam posições feitas sentados, em pé e reclinados, todas adaptadas às necessidades e restrições de cada um.

Questionário
A avaliação inicial foi em relação aos níveis de fadiga. Cada homem completou um questionário de nove itens sobre a severidade da fadiga — um efeito colateral comum da radioterapia — e o impacto do problema no dia a dia. O primeiro foi respondido entre duas e três semanas antes do início do tratamento radioterápico; o segundo, duas vezes por semana durante a fase do procedimento, e um final, preenchido até uma semana depois da última aula de yoga ou da última dose da rádio, dependendo do grupo em que o paciente estava inserido.

“No início, antes que os pacientes começassem o tratamento, os de ambos os grupos estavam no nível mais baixo da escala, significando que reportaram baixas quantidades de fadiga”, diz Neha Vapiwala, professora de oncologia radiológica e principal autora do estudo. “Mas, à medida que o tratamento se estendia, observamos diferenças nos dois grupos”, ressalta. Aqueles que faziam as sessões de yoga indicaram que sentiram menos fadiga ao longo da fase de radioterapia, comparado a quando iniciaram a prática. Já os que não fizeram as aulas foram pela direção oposta, reportando um nível de fadiga maior, à medida que o tratamento progredia. “Espera-se que os níveis de fadiga aumentassem por volta da quarta ou quinta semana do curso típico do tratamento, mas isso não aconteceu no grupo da yoga”, disse Vapiwala.

Os pesquisadores também avaliaram ambos grupos em termos de saúde sexual. A disfunção sexual, incluindo dificuldade de ereção, é reportada por até 85% de pacientes de radioterapia durante o tratamento, geralmente devido ao uso concorrente da terapia de privação do hormônio andrógino. O estudo usou o questionário do índice internacional de função erétil, cujos escores variam de 0-25. Aqueles acima de 21 são considerados normais, enquanto que os abaixo de 12 indicam desde a disfunção erétil moderada à severa.

Os dois grupos começaram com cerca de 11, e continuaram semelhantes depois da exposição à terapia hormonal. Porém, enquanto que os participantes de yoga terminaram sem alterações em relação ao início, os do outro grupo tiveram um declínio ao longo do tratamento.

De acordo com Vapiwala, a yoga fortalece os músculos do assoalho pélvico, o que poderia explicar os motivos pelos quais os praticantes de yoga não tiveram queda nos escores, como ocorrido no grupo de controle. “Isso também pode explicar o motivo pelo qual os pacientes que fizeram as aulas melhoraram a função urinária, outra descoberta de nosso estudo”, diz. A médica aponta que esse resultado é consistente com outras pesquisas sobre os efeitos da terapia física sobre os músculos pélvicos.

Por fim, o trabalho também constatou que, enquanto o bem-estar emocional de ambos os grupos aumentou à medida que os pacientes progrediam no tratamento, aqueles que fizeram yoga melhoraram mais rapidamente que os demais. Uma avaliação do bem-estar físico acompanhou esse padrão.

Combate à colite
Pacientes com colite ulcerativa, uma inflamação crônica do intestino, geralmente relapsam em tempos de estresse. Um estudo clínico com 77 pessoas que estavam em remissão, mas ainda sofriam redução na qualidade de vida, mostrou que 90 minutos semanais de yoga, ao longo de 12 semanas, aumentou significativamente o bem-estar físico e mental, além de reduzir a atividade da colite. O trabalho, publicado na revista Alimentary Pharmacology & Therapeutics, sugere que aulas regulares da prática podem ser um tratamento adjuvante. “Muitas pessoas usam yoga para melhorar a qualidade de vida. Nosso estudo sugere que pode valer a pena considerá-la parte de uma abordagem integrativa multimodal para o tratamento de colite ulcerativa”, observou o principal autor do trabalho, Holger Cramer.