Comandante da Seleção criticou a rotatividade dos treinadores no Brasil
O técnico Tite criticou nesta segunda-feira o que chamou de “supervalorização do técnico” no Brasil e a falta de estabilidade de emprego dos treinadores nos clubes do País. De acordo com o treinador da seleção brasileira, o fato de ele ter ajudado o Brasil a vencer as nove partidas em que comandou o time “não [o] ilude” porque a cobrança chega tão logo iniciam os maus resultados.
“Há uma supervalorização do técnico no Brasil. Somos supervalorizados. Não me ilude o fato de estarmos classificados (à Copa da Rússia), termos vencido as nove partidas. O técnico não é o cara. É um conjunto todo que tem responsabilidade na estrutura. Da mesma forma, esse mesmo cara passa a ser criticado depois”, comentou, na abertura do seminário Somos Futebol, organizado pela CBF.
Tite afirmou que, por ele, o salário dos treinadores poderia até ser menor, desde que o profissional tivesse mais tempo para trabalhar. “Eu gostaria muito de viver num país onde a média de um profissional ligado ao futebol, um técnico, ganhasse menos até, mas tivesse mais estabilidade de emprego. A média aqui é de três meses”, disse o treinador. “Na Inglaterra, a média é de 16 meses.”
O treinador considera que a alta rotatividade dos profissionais à frente dos clubes prejudica o trabalho. “Precisa de início, meio e fim. A gente não quer exposição. A gente quer tranquilidade para trabalhar”, sustentou.
Tite palestrou por pouco mais de 30 minutos para uma plateia de mais de 200 pessoas, que lotam o auditório da sede da CBF. O técnico italiano Fabio Capello e o argentino Marcelo Bielsa falam na sequência. Na plateia, além de dirigentes estão técnicos de clubes brasileiros, jogadores e outros profissionais ligados ao futebol.