Reinaldo Azevedo, da Revista Veja, mostra que Letícia Ladeira Monteiro de Barros, filha de Rodrigo Janot, consta como advogada das empreiteiras envolvidas na Lava Jato
Em seu blog na Revista Veja, o colunisa Reinaldo Azevedo fez uma denúncia gravíssima contra Rodrigo Janot. Utilizando a busca processual do Tribunal Regional Federal, ele mostrou que a filha do Procurador Geral da República é advogada tanto da OAS quanto da Odebrecht, duas das maiores empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato.
Segundo Reinaldo, sobre a OAS, “Rodrigo Janot, segundo Rodrigo Janot (mas não só ele), tem de se declarar impedido de atuar em qualquer questão que diga respeito à OAS. As petições, inclusive, que foram encaminhadas ao Supremo e que digam respeito à empreiteira têm de ir para o lixo”. Já em relação a Odebrecht, Reinaldo defende que “devem ser considerados nulos todos os atos do procurador-geral que se relacionem, de algum modo, com a Odebrecht. Isso inclui aquela batelada de pedidos de abertura de inquérito, feitas à baciadas, sem critério nenhum.”
A denúncia também desmoraliza o pedido de Janot de arguir a suspeição do Ministro Gilmar Mendes em casos relativos ao réu Eike Batista. Segundo Janot, Mendes estaria impedido de julgar o empresário porque sua mulher seria advogada de um escritório que tem Eike como cliente.
A Procuradoria Geral da República divulgou nota oficial na tentativa de explicar a situação:
“Acerca de notícias veiculadas na manhã desta terça-feira, 9 de maio, a Procuradoria-Geral da República esclarece que os acordos de leniência celebrados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com pessoas jurídicas são firmados com o Ministério Público Federal que atua na 1ª instância.
O que está entre as atribuições da Procuradoria-Geral da República é negociar os acordos de colaboração que envolvem pessoas com prerrogativa de foro. Neste caso, os executivos propõem os termos de colaboração a serem prestados, e não a empresa. Mesmo assim, atualmente, os acordos de colaboração são assinados pelo Grupo de Trabalho da Lava Jato na PGR, por delegação do procurador-geral da República.
É importante notar que os executivos da OAS não firmaram acordo de colaboração no âmbito da Operação Lava Jato e a Construtora OAS não assinou acordo de leniência. O procurador-geral da República não assinou nenhuma petição envolvendo a empresa ou seus sócios. Portanto, não há atuação do PGR.
Observa-se ainda que o procurador-geral da República já averbou suspeição em casos anteriores. A Procuradoria-Geral da República observa de maneira inflexível a aplicação do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil no seu âmbito de atuação.”
Na Veja, Reinaldo Azevedo refutou a argumentação oficial, afirmando que “Ele diz que o procurador-geral até agora não atuou no caso da OAS? Como não? E a delação premiada de Léo Pinheiro que ele houve por bem jogar no lixo sem que ninguém saiba por quê? Janot tenta tergiversar no caso da OAS, mas o que ele vai dizer sobre o caso da Odebrecht? E nesse caso, ele atuou ou não?”
Rodrigo Janot foi pego no pulo do gato.