A esquistossomose é uma doença grave e representa um problema de saúde pública que ainda afeta 70 municípios alagoanos. Para combater a doença, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) iniciou, nesta segunda-feira (15), uma investigação em 24 comunidades quilombolas de Alagoas.
O primeiro alvo da ação foi a Quilombo, situada no município de Santa Luzia Norte, na Grande Maceió. Para isso, técnicos da Assessoria de Políticas Transversais da Saúde, do Programa de Controle da Esquistossomose e da Supervisão de Endemias da Sesau visitam o local.
“Com essa ação iremos identificar os casos da doença, tratando precocemente para evitar que evoluam para óbito. Também faremos um trabalho de prevenção para que essas pessoas não voltem aos velhos hábitos e sejam contaminados novamente”, ressaltou o assessor técnico de Políticas Transversais da Sesau, Robert Lincoln.
Em Alagoas, existem 69 comunidades quilombolas. Destas, 24 estão localizadas em 16 municípios, que são áreas endêmicas para esquistossomose. Para Robert Lincoln, essa população é mais vulnerável a várias doenças, a exemplo da esquistossomose, por estarem nas zonas rurais dos municípios, onde existe uma deficiência em saneamento básico.
De acordo com Jean Lúcia dos Santos, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Esquistossomose, no início a doença é assintomática. Ela informou que 266 pessoas morreram em Alagoas por causa esquistossomose entre os anos de 2012 e 2016. Uma situação que ocorreu em decorrência do contato com a água contaminada pelo caramujo, que se torna hospedeiro intermediário do Schistosoma mansoni.
“O tratamento deve ser feito precocemente para que o quadro do paciente não evolua para a forma grave, com o aparecimento de febre, dores de cabeça e muscular. As pessoas acometidas pela esquistossomose também sofre com diarreia, além de inflamação no fígado e no baço, o que pode levá-las ao óbito”, explicou Jean Lúcia dos Santos.
Marineide Silvestre, líder comunitária do Quilombo, disse que algumas casas na comunidade não possuem água encanada e, por isso, muitas pessoas estão contaminadas. “Pela falta de água tratada aqui na região, as pessoas vão até uma fazenda próxima e usam um açude e o rio da propriedade para lavar roupa, prato e até para tomar banho”, contou.
Um desses casos é da família do jovem José Marinho, 18 anos, que pela falta de água em casa precisa encher vários botijões para consumo diário. “Nós usamos essa água para beber, tomar banho, lavar roupa e a casa. Todos na minha casa fizemos os exames e somente na minha mãe foi detectada a doença”, contou.