Tatuador e vizinho deixaram delegacia e foram para Centro de Detenção Provisória em São Bernardo do Campo. Menor aparece em vídeo do WhatsApp com a inscrição 'eu sou ladrão e vacilão'.
Os dois homens presos por suspeita de torturar e tatuar a testa de um adolescente foram transferidos na manhã desta segunda-feira (12) da cadeia de uma delegacia para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo, no ABC.
O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, e o vizinho dele, Ronildo Moreira de Araújo, de 29, foram presos na sexta-feira (9) após gravarem e compartilharem um vídeo no qual mostram o menor de 17 anos sendo tatuado na testa com a frase “eu sou ladrão e vacilão”.
A tortura teria ocorrido na pensão onde os dois homens alugaram um quarto. Eles foram indiciados pelo crime. Eles alegaram que queriam dar uma “punição” ao menino sob a alegação de que ele tentou furtar a bicicleta de um deficiente físico.
De acordo com o boletim de ocorrência, Maycon confirmou à polícia ser “o tatuador que aparece nas imagens que circulam nas redes digitais”. Ronildo afirmou “ser o responsável pela gravação das imagens”.
O garoto estava desaparecido desde o dia 31 de maio. Acabou sendo encontrado por amigos e pela família no sábado (10), com o cabelo raspado. No mesmo dia, a Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva.
Os dois homens estavam na carceragem do 3º Distrito Policial (DP). Agora no CDP, deverão ir para uma cela isolada dos demais detentos. O motivo é que os demais presos teriam se revoltado com a tortura praticada contra o adolescente.
Em entrevista ao G1, o menor negou que tenha tentado furtar a bicicleta. “‘Tive vontade de morrer, comecei a chorar”, disse ele, que ainda contou que teve os braços e pernas amarrados para não escapar. Segundo a família da vítima, o garoto é usuário de drogas, alcoólatra e tem problemas mentais.
A reportagem não conseguiu localizar o advogado dos dois presos para comentar o assunto.
Por conta da repercussão do caso nas redes sociais, uma campanha on-line foi criada pelo coletivo Afroguerrilha para tentar arrecadar R$ 15 mil com o objetivo de remover a tatuagem do adolescente.
O advogado Ariel de Castro Alves, integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos, disse que o Estado “tem que garantir a integridade física deles”. “Não é porque cometeram um crime grave contra um adolescente que não temos que nos preocupar com a integridade deles também”, afirmou. “Que respondam o processo conforme a lei, mas sendo mantidos em local seguro na prisão.”