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Um mês após ter testa tatuada à força, menor escreve carta à mãe: ‘saudades’

G1

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Um mês depois de ter sido tatuado à força porque teria tentado furtar uma bicicleta no ABC, o adolescente de 17 anos escreveu uma carta para a mãe no centro de reabilitação particular para usuários de drogas na Grande São Paulo onde faz tratamento contra o vício em crack e álcool. O jovem ainda ostenta na testa a inscrição “eu sou ladrão e vacilão”.
“Mãe minha rainha te amo de verdade do começo até o fim [sic] do meu coração. queria [sic] que a senhora foce [sic] me ver aqui na clínica”, escreveu à caneta o menor em uma folha de caderno, intitulada “carta de saudades” a Vânia Aparecida Rosa da Rocha, de 34 (assista acima o vídeo que o G1 fez com ela lendo a mensagem do filho).
Na semana passada, a mulher visitou o filho e contou que ele disse que perdoa quem o tatuou e quem filmou o crime. “Eu perdoo os dois rapazes”, disse Vânia sobre o que o filho lhe contou.
“Nossa família unidade [sic] já mas [sic] será detroida [sic]. Sem data para n virar passado!!”, termina o manuscrito do garoto, que também desenhou carros com as palavras “paz” e “alegria”, seguidas de um rosto com cara de mau, como se o identificasse antes, e sorridente, como se vê atualmente.
No final do mês passado, o adolescente começou a ser submetido à aplicação gratuita de laser para remover a tatuagem feita no dia 9 de junho pelo tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, e filmada por um vizinho dele, o pedreiro Ronildo Moreira de Araújo, de 29, em São Bernardo do Campo.
As imagens da sessão de tatuagem divulgadas e compartilhadas pelo WhatsApp repercutiram e tornaram o caso conhecido. Foi por meio delas que a Polícia Civil prendeu o tatuador e o pedreiro. Segundo a dupla, o objetivo era punir o garoto pela suposta tentativa de levar a bicicleta. O dono do veículo, o ambulante Ademilson de Oliveira, de 31, declarou ao G1, dias após a agressão, que não concordava com a punição.

À reportagem, o adolescente negou, também no mês passado, ter tentado furtar a bicicleta. ‘Tive vontade de morrer, comecei a chorar’, disse o garoto, que antes e após a tatuagem estava desaparecido. Ele só foi encontrado no dia 10 de junho por familiares e amigos.
Alegando questões de segurança, a Clínica Grand House, em Mairiporã, onde o menor está internado gratuitamente desde 13 de junho, não permitiu que ele desse mais entrevistas. Veja abaixo o que o menor havia dito ao G1 no mês passado sobre o crime que sofreu:
Réus
Os dois agressores são réus no processo no qual respondem presos pelos crimes de constrangimento ilegal, lesão corporal e ameaça. A Justiça marcou para o dia 12 de setembro a audiência de instrução do caso, que antecede um eventual julgamento.

Caberá à juíza Daniela de Carvalho Duarte, da 5ª Vara Criminal de São Bernardo, decidir se os dois são culpados ou inocentes das acusações e se deverão ser condenados ou absolvidos. A Justiça negou na semana passada o pedido das defesas dos dois para que eles respondessem ao processo em liberdade.
Inicialmente, a Polícia Civil havia indiciado Maycon e Ronildo por tortura, mas o Ministério Público (MP) não concordou e entendeu que ocorreram os crimes de constrangimento, lesão e ameaça. A Justiça aceitou, o que irritou a mãe do menor. “Se fosse filho de rico seria tortura”, havia dito Vânia ao G1, no mês passado.
Por questões de segurança, Maycon e Ronildo estão detidos atualmente na Penitenciária de Tremembé, interior do estado, à espera do julgamento. Os dois presos teriam sido ameaçados por outros detentos no ABC, que não aceitaram o crime cometido contra o menor.
Tatuagem

Enquanto isso, Vânia se alterna nas visitas ao filho na clínica Grand House, que cedeu o espaço para tentar recuperar o garoto, que é usuário de entorpecente e alcoólatra.
Foi nesse mesmo lugar que o garoto passou pela primeira sessão para remover a tatuagem, no último dia 24 de junho. Dias depois, a clínica divulgou foto na qual era possível ver que a frase ‘eu sou ladrão e vacilão’ começou a sumir da testa. A remoção está sendo feito por uma clínica do ABC que pediu para não ter o nome divulgado.
O menor ainda deverá passar por mais nove sessões. Cada sessão é mensal. A expectativa é a de que a inscrição seja removida até março de 2018.