O empresário catarinense de 45 anos que teve um cordão de ouro roubado e engolido pelo ladrão, na sexta-feira, em Copacabana, teme não conseguir recuperar a joia. O assaltante, Anderson da Conceição, de 18 anos, está sob custódia no Hospital Miguel Couto, no Leblon, onde foi medicado com laxantes para ajudá-lo a expelir o objeto. Segundo a polícia, o cordão está avaliado em R$ 10 mil.
— Estou há dois dias indo ao hospital atrás de informações. Pela radiografia, parece que está entalado em um lugar que o cara não põe nem para dentro nem para fora. Disseram que o garoto nem come, talvez de propósito, para não ter que expelir — lamenta o empresário, que pede para ser identificado apenas como Ranz.
Ranz nasceu em Santa Catarina, mas morou no Rio por quase três décadas antes de se mudar com a esposa para o Canadá, no início desse ano. Na quarta-feira, ele voltou a desembarcar em terras cariocas por questões profissionais: veio representar uma instituição canadense, o Vancouver Institute of Media Arts, no festival AnimaMundi. Ele viaja no fim do mês.
— Durante os 30 anos que morei no Rio, nunca fui assaltado. Quando eu vinha, amigos me avisaram para tomar cuidado, porque a violência havia piorado. Acho nesses meses em que vivi fora perdi um pouco a noção do perigo. É revoltante ver a situação em que a cidade se encontra — diz.
O empresário estava no cruzamento da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Figueiredo Magalhães, no início da tarde, quando foi agredido.
— Eu estava parado esperando o sinal abrir, respeitando todas as leis da cidadania. Um rapaz veio por trás de mim e me estrangulou, puxou meu cordão e ainda tentou me dar um soco. Foi bem covarde. Fiquei impressionado por não haver policiamento em um local tão movimentado — critica ele: — Por sorte, havia dois policiais civis à paisana que ajudaram a capturá-lo. Queriam linchar ele. Eu acalmei as pessoas e tentei conversar, então ele me disse: “Já está na minha barriga” — lembra Ranz.
O cordão, segundo o empresário, foi um presente dado pela esposa dele em um momento especial da vida do casal.
— Para mim o valor maior é o sentimental. Eu levava esse cordão como um amuleto — conta.
Com o passar dos dias, Ranz teme que o bandido seja beneficiado em uma audiência de custódia e fique com o objeto do roubo.
— Se ele não expelir o cordão e receber alta, pode ir a uma audiência de custódia e acabar sendo solto. Além de levar meu cordão, pode continuar cometendo outros crimes, inclusive mais graves — diz.
O assaltante foi autuado em flagrante por crime de roubo, na 12ª DP (Copacabana). Um levantamento feito na delegacia constatou que Anderson contabiliza 23 passagens policiais, a maioria por crimes de roubo, incluindo ataques contra turistas. A última vez que havia sido preso foi no mês de abril passado, quando foi levado para a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) após roubar uma vítima.
Na tarde desta segunda-feira, Anderson permanecia no hospital, sob a custódia de policiais militares do 23º BPM (Leblon). A Polícia Civil informou que assim que o preso for liberado pelos médicos será encaminhado ao sistema penitenciário.