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Vizinhos escrevem recados para mãe que pendurou faixa em prédio reclamando de intromissão

Mônica Alves é bem direta no recado para Patrícia Foto: Thiago Freitas / Extra

A confusão está instalada. Desde que Patrícia Monkem, de 38 anos, pendurou uma faixa na fachada do seu edifício em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a rua se dividiu em alas. Uns lamentam as críticas feitas aos vizinhos pela técnica de enfermagem, outros a defendem. E há aqueles que preferem não tomar partido.

— Ela está errada. Espancava mesmo a filha mais velha. O passado a condena. Agora, tem que viver vigiada. Os vizinhos não podem nem mais brincar com o cabelo do menino que ela reclama — ataca a vizinha Mônica Alves, de 37 anos.

Patrícia tem uma filha mais velha, já adulta, e teve problemas com o Conselho Tutelar durante a criação dela, há 15 anos. Ela se mudou, casou, separou e voltou a morar no polêmico endereço em fevereiro. Hoje, tem um menino de 2 anos que usa um rabo de cavalo louro, que chama a atenção da vizinhança.

Morando no apartamento em cima do de Patrícia, a pensionista Carmelita da Silva, de 60 anos, diz que não tem do que queixar.

— Eu autorizei ela a amarrar a faixa na minha janela por isso. A criança não chora mais do que o normal. Cada um tem seu jeito de educar — defende: — Se cada um ficasse no seu quadrado, acabariam os problemas. Isso serve para a Patrícia também. Se não desse bola, não estaria passando por isso.

Mas o vizinho do terceiro andar, o operador de produção Alex Rangel, de 39 anos, pede calma para analisar os fatos.

— Eu fui testemunha de que ela batia na filha mais velha. Ela tinha problemas com muita gente aqui, pelo jeito explosivo dela. Mas nunca a vi levantar a mão para o menino, ela parece estar o criando bem — garante.

Em meio à toda confusão, Patrícia garante que sabe cuidar muito bem da criança, e reitera o que deseja para a comunidade.

— Gato que tem sete vidas para cuidar. Gente, cada um que cuide da sua. Crio meu filho bem, ele está feliz e quero que o restante se exploda — afirma a moradora sem papas na língua.

Entrevista com Patrícia: ‘Se quisesse agradar, teria feito churrasco’

Como é a sua relação com os vizinhos?

Eu já voltei sabendo o que esperar: não gosto de muita gente, da mesma forma que muita gente não me suporta, mas sou obrigada a morar aqui. Já tive problema com Conselho Tutelar, porque vizinhos reclamaram. Eu achei que as pessoas tinham aprendido, mas não. Então, para ser proativa, eu fiz a placa. A coisa aqui é pessoal.

Mas não é melhor tentar conviver com eles?

Se eu quisesse agradar a todo mundo, eu fazia um churrasco, não um perfil em Facebook ou uma faixa.

O que mudou da criação do primeiro para o segundo filho?

Nada. Eles denunciavam, mas as denúncias não tinham fundamento. O conselho veio buscar o menor duas vezes e não o levaram. Eu não espancava ninguém. Por isso mesmo, é que não fui presa.

Os vizinhos falam que o menino chora…

Eles falam até que meu filho vai ser gay por causa do cabelo! É meu filho, é minha criação e quem manda na minha casa sou eu. Eu sou técnica de enfermagem, e recebo ajuda dos meus pais para manter o menino, porque não trabalho para cuidar dele.

Dicas da especialista em etiqueta Glória Kalil

Chame o síndico — A primeira ação é verificar com o síndico o que está acontecendo, se ele tem informação sobre o possível problema. Se não tiver síndico no prédio, então o zelador ou a pessoa que cuida mais do edifício deve ser acionada.

Converse antes — Antes de tomar qualquer atitude mais radical como chamar o Conselho Tutelar, é preciso saber o que está, de fato, acontecendo. Fale com a pessoa, converse, deixe claro que está de olho no que acontece. Ela percebeu que estão de olho lá. Tanto que fez a faixa e a colocou no prédio.

Ofensiva — Caso o problema persista e você tenha certeza do que está acontecendo, aí, sim, é hora de acionar o Conselho Tutelar ou outra instância. Mas a medida tem que ser tomada com cuidado para não ser um engano que crie problema desnecessário.

Histórico conta — Neste caso, alguns vizinhos falaram que já havia um histórico de violência. Isso deve, sim, ser levado em consideração. É um assunto muito delicado e difícil. Mas se não é a primeira vez que acontece, então, não é indelicado ficar de olho.