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Mulher que mandou matar amiga em academia pediu para ouvir os tiros

Reprodução

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A dona de casa Fernanda dos Santos Alves, 37 anos, que confessou ter mandado matar a própria amiga, Jumaria dos Santos Barbosa, 41, pediu para ouvir os tiros dados contra a vítima. Segundo a polícia, Fernanda contou que o assassino, antes de executar a mulher dentro de uma academia, em Lauro de Freitas, ligou para a mandante para confirmar se a vítima tinha uma borboleta tatuada no braço. Ela aproveitou e pediu para ele não desligar, para poder ouvir os disparos.

Jumaria foi morta com quatro tiros, na nuca, no pescoço e na cabeça, no dia 12 de abril deste ano. Fernanda conheceu a amiga em outubro do ano passado e suspeitava que ela tivesse feito um ‘trabalho espiritual’ para separá-la do marido. Ela pagou R$ 500 pelo assassinato. A dona de casa confessou o crime e foi apresentada nesta segunda-feira (7), na sede da Polícia Civil, no bairro da Piedade, em Salvador.

Segundo o titular da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas), Joelson Reis, Fernanda já estava separada do marido, que é empresário e mora em São Paulo. O casal ficou junto por cerca de 15 anos e tem dois filhos, de 13 e 7 anos. No ano passado, o relacionamento terminou, mas eles ainda tinham recaídas. Ela viajava para vê-lo e ele ficava com ela toda vez que vinha para Salvador.

“Em outubro, ela e Jumaria se encontraram no aniversário de uma amiga que tinham em comum. Foi lá que elas se conheceram. Fernanda soube que Jumaria jogava tarô e fazia trabalhos espirituais e pediu que ela fizesse um para reaproximá-la do ex-marido”, contou o delegado.

No começo de 2017, a dona de casa disse para a polícia que foi ver o marido, e o encontro foi conturbado. Ele estava frio e os dois tiveram desentendimentos. Quando ela retornou para Salvador soube, através de outra amiga, que Jumaria teria feito um trabalho espiritual contrário, ou seja, para separá-la do marido. Fernanda, então, começou a planejar o crime.

Encontro
Cinco dias antes de Jumaria ser morta, Fernanda e um dos empregados dela, Gilmário Carneiro dos Santos, conhecido como Guerreiro, foram até a casa do meio-irmão dela, em Dias D’Ávila, também na Região Metropolitana de Salvador. Rakmus Varjão Pereira Alves e a esposa dele, Taís Santos Ferreira, receberam os dois e convidaram um amigo, Diego Silva dos Santos, para planejar o assassinato.

“Eles fizeram essa reunião em um bar, em Dias D’Ávila, e ficou acertado que Diego contrataria um homem para matar a vítima. Ele é envolvido com o tráfico de drogas e chamou um dos soldados dele, identificado até o momento como Branco, para fazer o serviço”, afirmou Reis.

Um dia antes do crime, Fernanda estava em um bar com alguns amigos, em Salvador, quando recebeu diversos telefonemas. Do outro lado da linha estavam os comparsas. Uma testemunha contou para a polícia que ela levantou da mesa para atender às chamadas, mas que em um dos momentos ativou a função viva-voz do celular, sem querer, e a testemunha conseguiu ouvir parte da conversa. Essa informação ajudou a polícia na investigação.

A dona de casa recebia uma pensão do ex-marido de cerca de R$ 20 mil, mas contou para os investigadores que o valor dos repasses começou a diminuir com o passar do tempo. Ela acredita que isso também seja consequência das ‘ações’ de Jumaria. Nesta segunda, Fernanda entrou na sala onde estava a imprensa com a cabeça coberta por uma camisa e não comentou o caso.

Assassinato
Fernanda contou para os investigadores que, no dia do crime, Guerreiro ficou com os filhos dela, enquanto ela e os outros quatro suspeitos foram até um bar, próximo da casa da vítima, e aguardaram ela sair. Eles seguiram Jumaria em dois carros, passaram pela frente da academia onde a mulher entrou e pararam alguns metros depois.

A mandante do crime disse que ficou com Taís e Diego no carro Renault Symbol, prata, de Rakmus. Já ele, voltou com Branco no Renault Duster dela para a academia. O meio-irmão da suspeita aguardou dentro do veículo enquanto o assassino executava o serviço.

Branco entrou na academia como se fosse aluno novo. Um instrutor apresentou algumas áreas do estabelecimento para ele, até que o suspeito se afastou, como se fosse para o banheiro. “Nesse momento, ele ligou para Fernanda para confirmar se a vítima tinha uma borboleta tatuada no braço. Quando ela confirmou, ele se aproximou e fez os disparos”, contou o delegado.

Fernanda contou que, antes do assassino atirar na vítima, ela pediu para que ele não desligasse a ligação porque queria ouvir o barulho dos tiros. Depois do crime, Branco retornou para o carro onde Rakmus estaria esperando e os dois fugiram. Uma semana depois do crime, Fernanda foi ouvida como amiga da vítima. O meio-irmão dela e a cunhada também foram ouvidos, na mesma condição. Agora, eles, Diego e Branco são considerados foragidos, e estão com mandado de prisão preventiva em aberto.

A dona de casa foi presa na cidade de Natal (RN), no dia 12 de julho. Ela estava com familiares. Segundo o delegado, a prisão não foi divulgada antes para não atrapalhar a investigação e foi uma ação conjunta dos investigadores da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas) e da Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), do Rio Grande do Norte.

Quem tiver informações sobre os suspeitos pode ajudar a polícia através do Dique Denúncia (71) 3235-0000 ou do Disque Xerife da 23ª Delegacia, no telefone (71) 99631-6891.