A ex-secretária de Estado da Saúde (Sesau), Rosângela Wyszomirska, está entre as 10 pessoas envolvidas na Operação Correlatos, que investiga fraudes em licitações realizadas pela Sesau com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), e que foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (08). A informação foi confirmada pelo delegado Antônio Carvalho, que preside o inquérito policial, durante coletiva de imprensa realizada na sede da PF, no Jaraguá.
Wyzomirska foi conduzida coercitivamente junto com os outros suspeitos a prestarem esclarecimentos sobre o ocorrido. Ao todo são 27 pessoas entre servidores e empresários de quatro estados diferentes (AL, PE, SE e DF) que irão depor na PF. O teor das oitivas, porém, não foi revelado, mas o delegado afirma que há fortes indícios de que os produtos supostamente comprados com o dinheiro do SUS jamais foram entregues, apesar dos investigados terem afirmado o contrário. Se comprovado o desvio, o valor pode passar de R$ 237 milhões.
“Os investigados disseram em oitivas que os produtos comprados eram entregues antes das licitações, mas isso ainda estamos investigando”, garante o delegado.
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Ao todo, cinco empresas de Maceió e uma em Arapiraca são arroladas no processo que investiga o esquema ocorrido entre os anos de 2015 e 2016, período este em que Rosângela Wyzomirska comandou a pasta. Oxmed Hospitalar, Comed, Comac, D& A Farma e Técnica Demanda e Distribuidora são os estabelecimentos localizados na capital, no Agreste a JC Campos responde pelo mesmo crime. Todas essas seis organizações foram flagradas em processos licitatórios enviados ao Portal de Transparência. Nesses documentos havia o fracionamento de despesa de valor menor ou igual a R$ 8 mil. O objetivo com isso era burlar as regras do certame ao adotar preços simulados de forma a favorecer determinado grupo empresarial.
Em vários casos, a PF constatou ainda que as empresas alagoanas possuíam donos ou sócios com alto grau de parentesco entre si, há também o registro de nove compras de correlatos realizadas em um único dia. O caso mais incomum foi constatado na Beth Med, de Aracaju-SE, em que a empresa não havia telefone disponível e o nome do responsável é um usuário do Bolsa Família.
A operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão nas cidades Maceió (AL), Arapiraca (AL), além de Recife (PE), Paulista (PE), Aracaju (SE) e Brasília (DF). Os investigados poderão responder por falsidade ideológica e organização criminosa. As penas máximas previstas podem chegar a 22 anos de prisão.
Sesau
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) enviou nota à imprensa informando que acompanha as investigações dos órgãos competentes e está à disposição para fornecer o que for necessário para o seu andamento. A Sesau ressaltou ainda que não compactua com qualquer tipo de ilicitude e que todas as medidas legais cabíveis serão tomadas caso se comprovem irregularidades.