A Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe) está investigando uma paródia do megahit ‘Despacito’, do porto-riquenho Luis Fonsi, gravada durante um curso de formação para agentes penitenciários ministrado pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF.
Na versão dos agentes, chamada de “De castigo”, é possível ver uma servidora cantando a música, enquanto o grupo participa apenas na hora do refrão. Ao fim do vídeo, ela é aplaudida. A polêmica paródia tem versos como “a bala é de borracha, mas tenho letal” e “preso é muito burro e gosta de correr perigo”.
De acordo com a Secretaria, as “eventuais infrações cometidas” pelos agentes que presenciaram a gravação serão investigadas.
“A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF), vai apurar e de antemão condena as circunstâncias em que alunos do curso de formação fizeram, em tom de brincadeira, a encenação de uma paródia musical, por iniciativa própria. Naturalmente, esse tipo de atitude não condiz com o trabalho regular que os agentes de atividades penitenciárias realizam cotidianamente e será objeto de investigação interna. O vídeo que está sendo veiculado nas mídias sociais será avaliado pela direção da Sesipe para identificar eventuais infrações cometidas por parte dos agentes que presenciaram a encenação de mau gosto. Reiteramos que todo procedimento em desacordo com a lei é apurado por meio de sindicância interna e, em caso de indicativo de crime, por inquérito policial”, diz nota.
O Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do Distrito Federal recebeu as imagens e pediu a apuração e a punição de todos os envolvidos que aparecem no vídeo. De acordo com o presidente do Conselho, Michel Platini, o vídeo foi enviado por ele mesmo ao governador do Estado, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que se disse “chocado” com as imagens.
— Recebemos o vídeo por conhecidos. Já havíamos recebido denúncias sobre o comportamento dos agentes penitenciários que não condizem com o comportamento esperado de um servidor público. Imediatamente enviei o vídeo para o governador. Ele disse que ficou chocado e que vai adotar providências. Os presos já haviam relatado que os cursos de formação vêm com gritos de guerra e incitação à violência e ao ódio. No vídeo, eles naturalizam a violência e o uso de força, que deveria ser usado somente em casos específicos, como a extração. É a verbalização da cultura do ódio, inaceitável. Eles desrespeitam familiares e os próprios presos. O trabalho do agente é a ressocialização, e isso é desrespeitado ali — fala.
Ainda segundo Platini, o vídeo será encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça, ao Ministério Público do DF e ao Conselho de Direitos Humanos. Procurado pelo EXTRA, o Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias (Sindpen-DF), ainda não retornou às mensagens.
Leia nota na íntegra da Subsecretaria do Sistema Penitenciário:
“A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF), vai apurar e de antemão condena as circunstâncias em que alunos do curso de formação fizeram, em tom de brincadeira, a encenação de uma paródia musical, por iniciativa própria. Naturalmente, esse tipo de atitude não condiz com o trabalho regular que os agentes de atividades penitenciárias realizam cotidianamente e será objeto de investigação interna. O vídeo que está sendo veiculado nas mídias sociais será avaliado pela direção da Sesipe para identificar eventuais infrações cometidas por parte dos agentes que presenciaram a encenação de mau gosto. Reiteramos que todo procedimento em desacordo com a lei é apurado por meio de sindicância interna e, em caso de indicativo de crime, por inquérito policial. Os agentes do sistema prisional do DF, seja no controle interno, seja na escolta de presos, são treinados, desde a formação, para agirem de acordo com a legislação vigente, respeitando os direitos daqueles que estão sob sua guarda”.