Alimento beneficia carência de recém-nascidos internados na unidade de alto risco
Nos primeiros meses de vida, não há alimento melhor e mais completo para o bebê que o leite materno. Mas a verdade é que nem todas as mães conseguem amamentar e a frustração de não ter aquele momento especial de contato com o filho fica ainda maior quando aliada à preocupação com a saúde do pequeno. Foi pensando nessas mulheres que o Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) foi criado.
Com uma equipe multiprofissional preparada para oferecer toda a assistência à mãe e ao bebê, sendo, inclusive, responsável por promover o aleitamento materno e executar a coleta, o Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Santa Mônica é referência estadual. Além de coletar o leite, no local também é realizado o processamento e controle de qualidade de colostro, leite de transição e leite maduro, com o propósito de distribuir para os recém-nascidos que necessitam dele para sobreviver.
No local, as mulheres podem realizar a ordenha, recebem orientações e ajuda dos profissionais capacitados e contam com uma estrutura compatível com a que está preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). O serviço conta uma recepção, registro e triagem das doadoras, área para estocagem de leite cru coletado, sala para processamento (degelo, seleção, classificação, pasteurização e distribuição), área para arquivos das doadoras, sala para ordenha e laboratório de controle de qualidade microbiológico.
Funcionamento
O Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Santa Mônica funciona 24 horas, sendo composto por técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. Devido à alta demanda na maternidade, o leite é oferecido apenas aos recém-nascidos prematuros, de baixo peso ou doentes, que precisam diariamente do alimento. Em suma, eles estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).
“Precisamos da ajuda das mães saudáveis que estão em casa amamentando seus bebês. O leite materno é o melhor alimento para qualquer criança, mas para quem está internado é essencial para ajudar na recuperação. Até pequenas quantidades são importantes, porque com um mililitro de leite, podemos alimentar um bebê”, disse a pediatra da Maternidade Escola Santa Mônica, Andréa Pinheiro.
Como Ajudar
Para doar, as mães podem se dirigir a Maternidade Escola Santa Mônica, entregar o material ao banco de leite ou ligar para o número 3315-4434, e pedir que o líquido seja coletado pelo Corpo de Bombeiros. Durante a coleta, é importante lavar bem as mãos e prender os cabelos para evitar que os fios caiam no vidro.
As mães precisam estar em perfeitas condições de saúde para doar. O leite deve ser acondicionado em vidros de boca larga e com tampa de plástico, fervidos previamente por 15 minutos. Após a coleta, o recipiente deve ser colocado imediatamente no freezer de casa, onde pode ficar no máximo 15 dias armazenado.
Segundo Andréa Pinheiro, assim que o leite chega ao Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Santa Mônica, ele é descongelado para passar por um processo de seleção e classificação. Primeiro, avalia-se o aspecto do leite e observar-se, principalmente, se ele foi armazenado e transportado corretamente.
Depois, classifica-se o volume, se é colostro ou maduro, e, em seguida, constata-se a quantidade de gordura, já que nem todo leite pode ser dado a qualquer bebê. “Uma vez feito esse processo, acontece ainda a pasteurização e o controle de qualidade. Então, só depois de todas essas etapas, o leite é congelado e passa a ter uma validade de seis meses”, salientou Andréa Pinheiro.
Doadora Saudável
A doadora tem que estar saudável, ou seja, quem fez o pré-natal, basta apresentar os exames realizados durante o período. Quem não tem os exames, pode fazê-los na própria maternidade. Os exames realizados detectam doenças que inviabilizam a doação do leite, como é o caso da Aids, hepatite, toxoplasmose, entre outras.
Os bebês da maternidade precisam de, pelo menos, 6 a 8 litros de leite ao dia, no entanto, a quantidade recebida é utilizada para a semana inteira. “Muitas das nossas pacientes possuem alguma doença ou ainda estão fazendo uso de algum medicamento, a exemplo de antibióticos, desse modo, não podem doar o leite, nem mesmo amamentar seus bebês”, esclareceu o pediatra.
Beneficiada
A dona de casa Andréa Maria da Silva, 21 anos, precisou recorrer ao Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Santa Mônica, visto que o filho, Miguel Arcanjo da Silva, de apenas 15 dias, não conseguia mamar no peito, fazendo com que seus seios ficassem rachados, terror entre as mulheres que amamentam.
“Aqui eu recebi toda orientação para melhorar as dores que estava sentindo durante muito tempo. Hoje ele mama com mais facilidade e, graças a Deus, posso ter um momento afetivo que tanto esperei”, enalteceu.