Os principais fatores apontados para a negatividade na praça são o desemprego e a queda na renda.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 59,4 milhões de brasileiros estão inadimplentes. Os principais fatores apontados são o desemprego e a queda na renda. Só em janeiro deste ano, o número de pessoas com CPF negativo na praça chegava a 58,3 milhões.
“O desemprego e a perda de renda continuam sendo os principais fatores que levam à inadimplência. Mesmo com inflação abaixo de 3% e queda nos juros, o brasileiro ainda não sentiu no bolso os efeitos desse processo. O desemprego continua elevado e a renda segue deprimida, o que ainda afeta a vida financeira das pessoas”, explicou, em entrevista ao jornal O Globo, Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
Com contas em atraso até 90 dias, o balanço apontou que 26% das pessoas ainda colocam a culpa na perda do emprego. Já os que atribuem estarem inadimplentes à queda na renda, o percentual chegou a 14%. A entrevista foi feita com 600 pessoas de todos os estados do país.
Ainda de acordo com Kawauti, o brasileiro tem uma dívida média em atraso de R$ 2.980,00, montante considerado alto por ela. “Mas o que mais assusta e mostra descontrole financeiro, é o fato de que 43% das pessoas não sabem ao certo o quanto devem”, afirmou. A pesquisa também apresentou outras razões que levaram os brasileiros à situação de inadimplência.
A falta de controle financeiro aparece com 11% e, em seguida, o empréstimo de nome a terceiros (5%). “Provavelmente quem emprestava o nome para terceiros agora compartilha das mesmas dificuldades de quem pedia o nome emprestado”, pontuou o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.
Perfil
As mulheres são maioria quando o assunto é inadimplência. Elas aparecem com 56% contra 44% dos homens. Quanto às idades mais devedoras estão as pessoas entre 25 e 49 anos. Já as classes que mais devem, um percentual de 93%, são as classes C, D e E. As classes A e B correspondem aos outros 7%.
“É importante lembrar que cerca de 70% dos brasileiros pertencem às classes C,D e E. Portanto, não é surpresa o percentual de 93% apontado pela pesquisa. E houve um impacto grande negativo da crise no setor de serviços, onde muita gente das classes C, D e E trabalha informalmente”, comentou Maurício Prado, diretor executivo da Plano CDE, uma empresa que faz pesquisas nesse segmento.