Foram cerca de 200 camponeses e camponesas de todas as regiões de Alagoas, vindos dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária que, durante a realização da 18ª Feira da Reforma Agrária em Maceió comercializaram 458 toneladas de alimentos saudáveis durante os dias de feira na capital alagoana, por onde passaram 50 mil pessoas na Praça da Faculdade.
“Ocupamos Maceió por quatro dias com a materialização do que a gente quer para a sociedade alagoana e brasileira, seja no campo ou na cidade”, com essa fala, Débora Nunes, da coordenação nacional do MST destacou a importância da realização da edição da Feira, realizada entre os dias 6 e 9 de setembro.
De acordo com Débora, que também integra o Setor de Produção do MST, a edição de 2017 já está marcada como a maior feira realizada pelo movimento no estado. “A diversidade do que é produzido pelos camponeses e camponesas nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária em Alagoas, foram a marca da bonita festa que realizamos com os frutos da luta pela terra”.
As toneladas de alimentos, entre produtos in natura e agroindustrializados, deixaram a Praça da Faculdade, no bairro do Prado, pequena. Abóbora, macaxeira, batata, banana, inhame, laranja, banana e uma diversidade de produtos vindos direto das áreas de Reforma Agrária, fizeram o diálogo direto entre a população que visitava a feira e os trabalhadores Sem Terra.
Além da produção de alimentos, os Sem Terra também ocuparam a praça com muita arte. Feito de barro, pano ou madeira, diversas barracas da traziam a produção dos artesanatos feitos pelas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras.
“A Feira é um importante momento para nós. É a partir de momentos como esse que conseguimos dialogar com a população que vive na cidade sobre a importância e necessidade da realização da Reforma Agrária”, comentou Débora.
“As Feiras expressam nossa resistência, mas também o nosso projeto de sociedade, a partir da produção de alimentos saudáveis, da cultura e da nossa organização. Mesmo em uma conjuntura adversa, de golpes e ataques aos direitos dos trabalhadores, poder realizar por dezoito anos consecutivos uma Feira contemplando todas essas dimensões é mais uma afirmação da nossa disposição de seguir fazendo luta nos quatro cantos do estado e do país”.
Maria Helena, do acampamento Paulo Freire, no Litoral Norte de Alagoas, comemorou o sucesso da comercialização da sua produção. “Já no meio do segundo dia de Feira já tinha vendido toda a macaxeira que trouxe, tive que voltar para a roça e trazer ainda mais produção. A recepção do povo de Maceió foi muito boa, recebemos elogios pelo preço e pela qualidade do produto”.
“A gente já tem a Feira em nosso calendário”, destacou Leninha. “Além de ser um importante espaço de comercialização da nossa produção, aqui o povo conversa, pergunta e voltam para casa com a sacola cheia de alimento saudável e entendendo melhor sobre a nossa luta e a nossa organização”.
Ainda compondo a programação da Feira da Reforma Agrária, o Festival de Cultura Popular levou durante todas as noites mais de 15 atividades culturais, com música, teatro e intervenções artísticas. Do forró pé-de-serra ao maracatu passaram pelo palco principal da Feira, como o cantor e compositor Siba e Zeza do Coco, patrimônio vivo da cultura alagoana.
“Desocupamos a praça da faculdade com o sentimento de dever cumprido e reafirmando nosso compromisso de seguir fortalecendo a nossa organização, a luta e a construção da Reforma Agrária Popular”, disse Débora.