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Novo Protocolo na emergência da Santa Casa reduz risco de sequelas e óbito por AVC

Medicamento é benéfico apenas se administrado até 4h30min após os primeiros sinais da doença

Ascom Santa Casa

Ascom Santa Casa

Passeando num shopping de Maceió, mãe e filho olham tranquilamente as vitrines das lojas. De repente, o filho começa a perceber que a fala da sua mãe, L. M. S, de apenas 52 anos de idade, começa a ficar “embolada” e a “boca torta”. Ela acrescentou que o lado esquerdo do corpo apresentava uma crescente “dormência”.

Começava ali os primeiros sinais de uma doença que acomete 400 mil pessoas por ano, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo: o AVC (acidente vascular cerebral).

Popularmente conhecido como “derrame”, o AVC é classificado em dois tipos: hemorrágico ou isquêmico. O AVC isquêmico (AVC-I) é o tipo mais frequente e ocorre quando o trombo obstrui o fluxo sanguíneo para o cérebro. Representa 85% dos casos de AVC.

A paciente citada na abertura da reportagem, conforme relata seu filho, “salvou-se” e recebeu alta sem nenhuma sequela por dois motivos: primeiro, porque 52 minutos após os primeiros sinais e sintomas conseguiu ser atendida num serviço de emergência. Segundo, porque o hospital possuía um serviço de atendimento ágil, composto por uma equipe treinada capaz de identificar, de forma rápida, os sinais e sintomas de AVC, oferecendo o tratamento (medicamento) adequado para o seu tipo de AVC (no caso, o isquêmico).

O hospital em questão é a Emergência 24 Horas da Santa Casa de Maceió e o “serviço de atendimento ágil”, citado na entrevista, integra o Protocolo para Tratamento de AVC-Isquêmico Agudo, implantado este mês na instituição.

Coube à neurologista Simone de Cássia Silveira de Lucena, coordenadora do Serviço de Trombólise, a missão de implantar o protocolo para Tratamento de AVC-I Agudo. O protocolo engloba treinamento da equipe e serviços envolvidos para reconhecer, diagnosticar e tratar os pacientes vítimas de AVC-I agudo.

“Nosso treinamento incluiu explanações teórico-práticas e contou com a expertise do Projeto Angels na capacitação de todos envolvidos (agentes de portaria, recepcionistas, enfermeiros e médicos intensivistas de plantão na Emergência 24 horas chegando à equipe da UTI Neurológica”, comentou a neurologista Simone Lucena.

Seguindo o lema “Tempo é cérebro”, as campanhas em combate ao AVC alertam a população sobre o reconhecimento dos sinais e sintomas do AVC e o rápido encaminhamento para os serviços de referências capacitados em tratar as vítimas de AVC.

AVC: medicamento deve ser administrado até 4h30min após os sintomas iniciais

O Protocolo para Tratamento de AVC-isquêmico Agudo, implantado na Santa Casa de Maceió, consiste, dentre outras condutas, na administração de um medicamento chamado trombolítico, cujo mecanismo é trombolisar, ou seja, “diluir” o trombo (coágulo) que está obstruindo uma artéria encefálica.

“O objetivo é promover a recanalização, de modo a restaurar a função neurológica comprometida, evitando que o AVC traga danos irreversíveis ao paciente”, explicou a neurologista Simone de Cássia Silveira de Lucena.

Ela enfatiza, entretanto, que o trombolítico é indicado em casos alguns casos: “AVC-I com tempo de instalação de até no máximo 4 horas e 30 minutos a partir do início dos primeiros sintomas”, tempo esse chamado de “Janela Terapêutica”, conforme preconiza o Mistério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares.

Além disso, é preciso que o responsável assine o Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE) após receber os devidos esclarecimentos sobre o procedimento.