Radioisótopos garantem maior precisão sobre o tumor, evitando danos em células sadias
A Medicina Nuclear da Santa Casa de Maceió ingressou no seleto grupo de centros oncológicos brasileiros aptos a utilizar a Terapia do Receptor de Peptídeos com Radionuclídeo (PRRT). Esta semana, um paciente portador de câncer endócrino foi o primeiro alagoano a beneficiar-se desta terapia-alvo, que busca, sobretudo, garantir uma maior sobrevida ao paciente e, de acordo com o caso, até mesmo a regressão do tumor.
Neste caso, o agente terapêutico é formado pela junção do elemento radioativo Lutécio-177 com um análogo da somatostatina. “Trata-se de mais uma arma destinada a combater os tumores neuroendócrinos disponível em Alagoas”, comentou André Gustavo Pino, médico nuclear da Santa Casa de Maceió.
A comemoração em torno do Lutécio-177 assemelha-se em importância à adoção este ano de outro moderno radioisótopo: o Rádio-223, também conhecido pelo nome comercial Xofigo,
O Xofigo foi aplicado pela primeira vez em Alagoas no início do ano para tratar um paciente com câncer de próstata.
“Este agente radioativo com ação antineoplásica foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2015 e trazido em tempo recorde para Alagoas graças ao empenho da equipe da Medicina Nuclear”, acrescentou o médico nuclear Marcelo Farias.
O Xofigo é o primeiro radiofármaco com ação terapêutica que aumenta a sobrevida, melhora os sintomas da doença e aumenta a qualidade de vida dos pacientes com câncer de próstata avançado e com metástases ósseas sintomáticas. Três pacientes já se beneficiaram deste tratamento este ano.
Outra aplicação é o radiofármaco MIBG (ou Iobenguano) ligado ao iodoradioativo no diagnóstico e tratamento de tumores neuroendócrinos. Tal modalidade foi aplicada pela primeira vez na Santa Casa de Maceió em 2015.
Ao listar as diversas opções de tratamento disponíveis na Medicina Nuclear, André Gustavo Pino e Marcelo Farias destacaram o trabalho do médico nuclear e decano da instituição Duílio Marsíglia. Ele foi o pioneiro na implantação da iodoterapia em Alagoas. Introduziu este procedimento na Santa Casa de Maceió em 1970, sendo até hoje o único hospital alagoano a realizar tal tratamento. Somente nos últimos 10 anos foram realizados aproximadamente 1000 procedimentos.
Terapia-alvo
As limitações da oncologia em seus primórdios levava os tratamentos ionizantes a atingirem tanto células sadias como cancerígenas, resultando numa série de efeitos colaterais indesejáveis ao paciente.
Atualmente, com a medicina personalizada consegue-se reduzir o número de tratamentos desnecessários e caros ao utilizar agentes moleculares no diagnóstico e tratamento do câncer, permitindo que o radiofármaco atue com precisão sobre o tumor, preservando as células sadias.
“A vantagem desta nova abordagem na medicina nuclear é que a visualização de alvos potenciais pode ajudar a prever se um paciente se beneficiará de um tratamento específico ou não. Isso é fundamental”, finalizou Farias.