Pedido de ordem de prisão foi feito nesta quinta pela procuradoria espanhola. Presidente destituído da Catalunha está na Bélgica.
A juíza espanhola Carmen Lamela emitiu uma ordem de prisão para o presidente destituído da Catalunha Carles Puigdemont e quatro ex-membros do governo regional, que estão na Bélgica. O procurador desse país disse que recebeu a ordem e que vai estudá-la.
Nesta quinta-feira (2), a procuradoria da Espanha solicitou à Carmen Lamela um mandado de prisão internacional para Puigdemont e quatro conselheiros, que estão em Bruxelas, por não terem comparecido a uma audiência em uma corte espanhola. Os líderes viajaram à Bélgica após a destituição do governo e negam que tenham ido pedir asilo.
Eles deveriam comparecer à audiência para responder a acusações de rebelião, conspiração e uso indevido de fundos públicos relacionados à iniciativa separatista da Catalunha.
Após o pedido da procuradoria, o advogado de Puigdemont na Bélgica disse que seu cliente vai se manter longe da Espanha enquanto o clima “não estiver bom”, mas que poderia cooperar com a Justiça da Espanha por videoconferência. Lamela rejeitou o pedido.
Mais cedo nesta sexta, Puigdemont disse que estava pronto para disputar as eleições regionais antecipadas para 21 de dezembro. Essas eleições foram convocadas pelo governo espanhol após intervir na Catalunha. No entanto, com o mandado de prisão seria impossível para Puigdemont concorrer.
Ao contrário de Puigdemont e os quatro ex-conselheiros, outros nove membros do governo destituído compareceram na quinta à justiça espanhola em Madri. Oito deles foram presos, entre eles o número dois do governo catalão destituído, Oriol Junqueras, e o secretário de Relações Exteriores, Raúl Romeva.
A juíza Carmen Lamela deixou em liberdade provisória sob fiança de 50.000 euros o nono, Santi Vila, que pediu demissão antes da proclamação da independência, em 27 de outubro.
A juíza alegou que existe risco de fuga, de reincidência e destruição de provas para justificar a prisão provisória, à espera de julgamento.
Um protesto em Barcelona pedia a liberdade dos líderes do governo destituído que foram presos.
A atual crise política foi desencadeada após a realização de um referendo considerado ilegal pelo governo e pela Suprema Corte espanhóis. Na consulta popular de 1º de outubro, 90% dos votantes foram a favor da independência (2 milhões de pessoas, ou 43% do eleitorado catalão).
Com o resultado favorável à independência, Puigdemont declarou no dia 10 no Parlamento local que a região ‘ganhou o direito de ser independente’ e em seguida suspendeu seus efeitos para negociar com Rajoy.
A atitude deixou dúvidas sobre se houve uma declaração de independência e fez com que Rajoy exigisse um esclarecimento formal de Puigdemont. Como não houve resposta, o premiê espanhol propôs no dia 21 intervir no governo regional — o que foi aprovado pelo Senado no dia 27 de outubro, instantes depois de o Parlamento regional da Catalunha aprovar o início do processo de independência da região.