As catracas duplas (‘gaiolões’) colocadas nos ônibus de Maceió pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) voltaram a ser discutidas na sessão ordinária da terça-feira (14) na Câmara Municipal. Segundo a SMTT, as catracas foram instaladas para tentar coibir assaltos e evitar que passageiros passem por cima do equipamento sem pagar a tarifa. Por outro lado, os usuários do transporte público na capital têm reclamado do constrangimento de ter que entregar bolsas ou simplesmente não conseguir passar na catraca no caso de pessoas obesas, idosas e com algum tipo de deficiência.
Autor do projeto que tramita na Casa para que as catracas sejam modificadas, o vereador Silvânio Barbosa (PMDB) chegou recentemente de São Paulo, onde foi conferir in loco o funcionamento dos coletivos na capital paulista e cidades metropolitanas.
“É um absurdo que Maceió caminhe na contramão das grandes cidades que possuem milhões de pessoas, como é o caso de São Paulo. Estive em municípios como Jandira, na região metropolitana, e obviamente não há gaiolões como os que a SMTT instalou aqui na capital de Alagoas com o objetivo de coibir roubo e diminuir a quantidade de pessoas que pulam a catraca sem pagar. Entendo a situação, mas nada disso justifica a medida porque, ao contrário de melhorar o serviço, as catracas duplas têm criado muito constrangimento aos usuários que, ainda, têm que pedir aos cobradores para ficar com suas bolsas para poder seguir viagem enquanto brigam com o gaiolão”, afirmou Silvânio Barbosa, que tem utilizado suas redes sociais para ouvir a população.
“Desde que as catracas foram instaladas, eu tenho recebido reclamações. Quase 100% dos que falam no meu facebook e instagram, são contrários e relatam os absurdos que passam com o equipamento. Por isso, elaborei projeto para que, pelo menos, possamos aprovar iniciativa que faça com a SMTT diminua a altura dos gaiolões. Aqui, o serviço é ruim, faltam ônibus para a população, os que existe não têm ar-condicionado e a tarifa é extremamente cara para o que oferecem aos usuários”, avaliou Silvânio Barbosa, autor também de projeto de lei que trata sobre a instalação de botão de pânico nos coletivos para denunciar assaltos em andamento. O projeto tramita na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).
Em outubro, o Alagoas24Horas já havia produzido uma matéria especial que tratava da questão das catracas e da insatisfação da população em relação a elas. Na época a assessoria da SMTT explicou que a catraca atende uma série de exigências oriundas de debates com sindicatos dos rodoviários, Polícia Militar e Ministério Pública, no tocante á segurança dos profissionais e passageiros.
Confira Nossa Matéria: Passageiros não aprovam catracas duplas em ônibus e cobram retirada
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Maceió – Sinturb também resolveu se pronunciar a respeito do caso, emitindo nota oficial apoiando a implantação do novo modelo de catracas. Confira na íntegra:
NOTA DO SINTURB/ PL VEREADOR SILVANO BARBOSA
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Maceió – Sinturb já tomou conhecimento do Projeto de Lei de autoria do Vereador Silvano Babosa, e aproveita para esclarecer que as catracas foram substituídas há seis meses. A instalação delas foi devidamente autorizada pela Superintendência Municipal de Trânsito de Maceió – SMTT e o projeto apresentado, e também autorizado, pelo Ministério Público Estadual.
O equipamento trouxe benefícios tanto para os usuários dos transportes, quanto para os rodoviários, que podem sentir mais segurança dentro dos veículos, fato que pode ser comprovado através de dados deste ano, oriundos da Secretaria de Segurança pública. Uma diminuição de 73% dos assaltos a ônibus em relação a 2016. As catracas ajudam ainda a diminuir a evasão. Antes delas, pessoas passavam, sem efetuar o pagamento da tarifa.
O equipamento ainda respeita às medidas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT, que estabelece: “Podem ser instalados dispositivos que evitem a evasão da receita, porém sem constituir risco potencial aos usuários”, bem como houve a observância do selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro.
O Sindicato aproveita para reafirmar o compromisso com os usuários, e que em caso de passageiras grávidas ou obesos, eles, podem sentar nos assentos especiais, localizados na frente do veículo. Já idosos, podem utilizar a catraca utilizando o cartão bem legal sênior, que garante acesso gratuito. Para os deficientes, as frotas dispõem de elevadores para auxiliá-los.
Em casos de passageiros com sacolas ou mochilas, os rodoviários são orientados a ajudarem os passageiros. Já nas situações envolvendo crianças, o responsável, efetua o pagamento de ambos, gira-se a catraca, e eles podem ocupar os assentos da frente.
Já sobre São Paulo, citada pelo vereador como exemplo, as catracas possuem outro modelo, mas em contra partida, apenas 6% dos passageiros utilizam a forma de pagamento em moeda. O sindicato ainda destaca, que quanto menor a quantidade de dinheiro circulando nos ônibus, menor a quantidade de assaltos.