O narrador, voz de Sergio Marone (o maldoso Ramsés de Os Dez Mandamentos) continua, irônico: “Mas, é claro, tudo muito bem elaborado para parecer divino. Ah, o engano é minha especialidade”. O nome da igreja, no entanto, é outro: Igreja da Sagrada Luz.
Em seguida, o “sacerdote mestre”, como é chamado o “papa” no site oficial de Apocalipse, chama Stefano (Flávio Galvão), sacerdote que o assistiu na cerimônia, para uma conversa. Conversa altamente comprometedora.
“Essas paredes ecoam histórias de uma trajetória milenar, desde que a missão da sagrada igreja começou nessa terra. Só foi possível atravessar os séculos porque sempre soubemos manter o poder e a influência, nos associando às pessoas certas”, diz o sacerdote-mor, Lorenzo Viscone (João Bourbonnais). Stefano se limiar a responder com “Sim, pai sagrado”.
Lorenzo Viscone comenta o surgimento de igrejas rivais que estariam ameaçando o poder da Sagrada Luz. “Estamos passando por uma fase de grande desafio. Novos valores e crenças surgindo pelo mundo, doutrinas de outras igrejas seduzindo fiéis. Mas nada, absolutamente nada deve abalar o que representamos”.
A primeira fase de Apocalipse se passa nos anos 1980. Fundada em 1977, a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, proprietário da Record, estava então em crescimento.
Stefano pondera, “Ainda somos a igreja dominante”. Ao que o “papa” atalha: “E devemos continuar a ser. Custe o que custar.” Stefano repete: “Custe o que custar”.
Em seguida, eles falam da família Montana, no seio da qual nascerá o Anticristo, a ser vivido por Sergio Marone. No capítulo desta quarta-feira, sua mãe se retorce inteira, no chão, ao receber o resultado do exame de gravidez e ser possuída por um espírito maligno.
Para o blog católico Filhos de Deus, a nova novela de Vivian de Oliveira “retrata a Igreja Católica como satanista”. Em texto publicado depois da exibição do segundo capítulo de Apocalipse, o blog afirma que a trama tem “lançado ataques que nitidamente estão ligados à Igreja Católica” e analisa a sequência da Igreja da Sagrada Luz, uma “igreja satânica”, destacando que “as vestes dos seus integrantes são idênticas aos dos líderes católicos”.
A Rede Record foi procurada pela reportagem de VEJA, mas, até a publicação desta nota, não se pronunciou a respeito. Apesar da sequência que reverberou na internet, a novela perdeu audiência em São Paulo, onde na estreia marcou 13 pontos e, nesta quarta, 11 de média, segundo o Ibope.