A Marinha argentina afirmou nesta quinta-feira (23) que foi detectado um “evento consistente com uma explosão” registrado algumas horas depois do último contato do ARA San Juan, próximo à sua última localização conhecida, no último dia 15.
“O evento coincide com a informação recebida pelos Estados Unidos (…) de que foi detectada uma anomalia hidroacústica na quarta-feira, dia 15″.
A informação foi dada pelo embaixador argentino na Áustria, que segundo a Marinha também é membro de uma organização de controle de testes nucleares, que monitora eventos hidroacústicos.
“Seguimos as buscas até ter uma evidência mais concreta sobre onde está o submarino e os 44 tripulantes”, disse Balbi a jornalistas, acrescentando que as famílias da tripulação foram notificadas sobre a nova informação.
“Até que não tenhamos nenhuma evidência certa, não podemos tirar nenhuma informação conclusiva”, disse.
Questionado por jornalistas, Balbi disse que não há evidências de que o submarino tenha sido atacado.
Nesta quarta-feira (22), a Marinha havia afirmado que havia registrado um indício sonoro “que corresponde a quarta, dia 15, pela manhã”, data do último contato do submarino com a base, quando emergiu após relatar uma pane, segundo o jornal “Clarín”. De acordo com especialistas consultados pelo jornal, existem no oceano equipamentos “hidrófonos” capazes de captar ruídos nas profundidades.
Um desses registros foi um estalo a cerca de 30 milhas da última localização conhecida do ARA San Juan – a informação foi confirmada por uma agência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) especializada em submarinos, a Ismerlo.
A localização do ruído é compatível com a rota que percorria o submarino, com 44 tripulantes. As buscas foram intensificadas na região desde a madrugada desta quinta (23), e navios equipados com sensores foram deslocados para investigar o ocorrido, segundo os jornais locais.
Em entrevista na quarta-feira, o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, classificou a “anomalia hidroacústica” reportada pelos Estados Unidos como um “ruído”. “Não vamos fazer conjecturas”, afirmou Balbi, ao ser questionado por repórteres.
Não há indícios de que a tripulação tenha lançado mão de nenhum dos dispositivos de localização à disposição, o que reforça a hipótese de um evento abrupto.
Panes elétricas, como as reportadas pela tripulação, são comuns em veículos do tipo. Por isso os submarinos possuem sistemas redundantes para continuar navegando mesmo com avarias. As autoridades militares também afirmam que os tripulantes não demonstraram sinais de preocupação ou pânico na fala, por isso, a mensagem do dia 15 não provocou temores de um desfecho mais grave, de início.
Quatro mil pessoas estão mobilizadas nas operações de resgate a bordo de navios e aviões argentinos e de pelo menos outros sete países, entre eles, o Brasil e os Estados Unidos.
A agência alemã Deutsche Welle afirmou no início da semana, citando a Marinha, que a embarcação possui capacidade para armazenar oxigênio e se manter submerso por sete dias consecutivos. A Marinha reconhece que a operação de busca entrou em um “momento crítico” e corre contra o relógio.
No dia 15, o ARA San Juan veio a superfície e comunicou uma avaria nas baterias em seu último relatório. “A embarcação foi à superfície e comunicou esta avaria, por isso o comando da força indicou que o submarino mudasse de rota e fosse para Mar del Plata”, afirmou em coletiva de imprensa Gabriel Galeazzi, chefe da base naval de destino do submarino.
Desde o desaparecimento, diversos supostos sinais recebidos pela Marinha argentina e pelas equipes de busca foram descartados como alarmes falsos.