Alexandra Loras, adicionou digitalmente traços associados à população afrodescendente em celebridades como Dilma Rousseff e Silvio Santos
A ex-consulesa da França em São Paulo Alexandra Loras inaugura neste sábado, 2 de dezembro, uma mostra bastante provocativa em tempos de discussão exacerbada sobre racismo. Pourquoi Pas?, a exposição, vai reunir vinte retratos de personalidades brancas que tiveram a pele escurecida por manipulação digital, entre elas Marilyn Monroe, Silvio Santos, Rainha Elizabeth II, João Doria, Dilma Rousseff e Michel Temer.
Com a mostra, Loras, que é negra, lança várias questões. Ao escurecer a pele de tantos poderosos, em primeiro lugar, mostra que aqueles que estão no poder (político e econômico) são brancos. Depois, leva o interlocutor ou espectador a se perguntar como lidaria com aquelas personalidades se elas tivessem uma cor diferente.
Uma interpretação equivocada é a que, nas redes sociais (sempre elas), acusa a exposição de cometer blackface. O termo em inglês remete à técnica utilizada no teatro do século XIX, em que atores brancos pintavam o rosto com carvão para interpretar personagens negros. “Vergonha e tristeza é o que sinto em saber que pessoas brancas racistas vão usar essa exposição para deslegitimar nossa luta. E que pessoas negras alienadas vão ficar mais longe de entender o que essa ofensa racista, que o Brasil ainda pratica, significa”, comentou uma usuária no Facebook da artista.