Existe vida fora da Terra?
A Nasa, agência espacial americana, se prepara para lançar, em menos de três anos, uma sonda que vai vasculhar a superfície de Marte, coletando rochas para responder uma pergunta que povoa a imaginação da humanidade há muitas gerações.
“O que vamos aprender com as amostras coletadas durante a missão tem o potencial de responder se estamos sozinhos no universo”, afirmou o cientista Ken Farley, em um comunicado recente da Nasa.
O robô Mars 2020 é peça central dessa empreitada. Do tamanho de um carro do tipo caminhonete, ele está sendo desenvolvido em um laboratório em Pasadena, na Califórnia.
Tem “corpo” bojudo, “pernas” finas e “pescoço” comprido, sobre o qual se eleva uma “cabeça” com um “olho” só.
O tamanho se deve à necessidade de cruzar terrenos acidentados e transportar consigo um grande arsenal de equipamentos. Batizada temporariamente com o mesmo nome do projeto, a sonda Mars 2020 é muito parecida com outra que percorre o Planeta Vermelho desde 2012, a Curiosity.
Segundo a Nasa, cerca de 85% do seu hardware foi “herdado”.
“Essa é uma grande vantagem para essa missão”, afirma Jim Watzin, diretor do programa de exploração de Marte da Nasa.
“Economiza dinheiro, tempo, e, acima de tudo, reduz os riscos.”
Mas o novo robô terá uma série de melhorias quando for lançado em 2020, como rodas mais resistentes, câmeras coloridas, lentes com zoom, um sistema de navegação mais preciso, maior autonomia e um laser capaz de vaporizar as rochas e o solo para identificar sua composição química.
Também contará com novos instrumentos, como um tipo especial de raio-X e um laser ultravioleta, que vão buscar bioassinaturas – características semelhantes às da Terra – em escala microscópica e em áreas tão pequenas quanto a de um grão de sal.
Ao mesmo tempo, um radar capaz de penetrar a superfície será o primeiro instrumento a analisar o subsolo de Marte, mapeando camadas de rocha, água e gelo a até dez metros de profundidade.
A sonda terá ainda uma broca para extrair amostras do núcleo de rochas do tamanho de um bastão de giz. Cerca de 35 amostras serão encapsuladas, vedadas e depositadas na superfície do planeta para que sejam resgatadas por outra missão no futuro.
“Reuniremos dados científicos de uma forma que não era possível antes”, disse George Tahu, que integra a equipe da missão da Nasa.
Além disso, está sendo criada uma tecnologia mais eficiente de aterrissagem, que fará correções no curso da descida da sonda para direcioná-la a áreas mais seguras e de maior interesse para os cientistas, minimizando a chance de erros e as distâncias a serem percorridas.
“Isso permitirá chegar a locais que eram muito arriscados para a Curiosity explorar”, explica Al Chen, líder da equipe que desenvolve esse atributo da nova sonda.
Nos próximos anos, a equipe vai avaliar as vantagens e desvantagens de cada local de aterrissagem para determinar onde o Mars 2020 pousará.
“Essa é a decisão mais importante que temos pela frente”, avalia Farley.
A missão pode finalmente trazer uma resposta para um trabalho que começou há duas décadas, quando a primeira sonda da Nasa pousou em Marte.
Se tudo correr conforme o planejado, a investigação obterá indícios inéditos sobre a existência ou não de vida nos primórdios do Planeta Vermelho, que hoje é inóspito.
Cientistas acreditam já ter existido uma atmosfera relativamente densa em Marte, com lagos e rios, há mais de 3,5 bilhões de anos.