O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (22) que exerceu um “semipresidencialismo sem perder a autoridade” durante seu ano e meio de governo, e que a relação que estabeleceu com o Congresso foi fundamental para fazer avançar medidas importantes para tirar o país da crise econômica.
Durante café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada, Temer afirmou que “despreza” quem o agride, mas não deixa revelar esse sentimento, preferindo lidar com as críticas de forma “respeitosa” e com “muito diálogo”. Para ele, se o governante se envolver “com falas ou escritos, não dá um passo”.
“Exerci nesse período uma espécie de semipresidencialismo, sem perder a autoridade. As pessoas às vezes confundem educação com falta de autoridade e não é assim. Ninguém me vê agredir ninguém, ao contrário, quando muito podem ver um certo desprezo com quem me agride, nada mais do que isso, mas nem esse desprezo eu deixo revelar”, declarou.
“Você tem que respeitar o que os outros pensam, mas respeitar olhando de cima, você não pode se envolver com os acontecimentos, nem com as falas, nem com os escritos. Se você se envolver com as falas e os escritos aqui no Brasil, você não consegue dar um passo, especialmente não daríamos os passos que nós temos ao longo desse ano e meio de governo. Vocês são testemunhas do quanto se falou, do quanto se opôs, do quanto se escreveu, criticou e vergastou o governo. E nós passamos a dialogar”, completou.
Base parlamentar
O presidente iniciou seu mandato, em maio de 2016, com sólida base parlamentar, que foi derretendo ao longo desses 19 meses diante das duas denúncias apresentadas contra ele – por corrupção passiva, obstrução da Justiça e formação de quadrilha – e a tentativa do governo em aprovar pautas impopulares, como a reforma da Previdência, às vésperas do ano eleitoral.
Hoje, Temer conta com uma base aliada de cerca de 250 deputados, menos da metade dos 513 que compõem a Câmara, e está em constante conflito com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já criticou publicamente diversas medidas do governo.
Na avaliação do presidente, a cultura política brasileira foi sempre baseada na centralização, com um movimento de quebra das instituições a cada “duas ou três décadas”. Com esse modelo, Temer diz estar “rompendo um ciclo histórico que era quase fatal no sistema político-institucional” do país.
‘Não foi fácil’
No início do evento, Temer fez uma exposição de quase 50 minutos sobre o que chamou de realizações de seu governo. Citou a aprovação da proposta que estabelece um teto para os gastos públicos, a reforma do Ensino Médio e a reforma trabalhista, admitindo que tudo isso foi feito sob críticas de adversários.”Não foi fácil”, afirmou.
Prometeu que fará o que chamou de simplificação tributária caso a reforma da Previdência seja aprovada em fevereiro do ano que vem e negou que seu governo privilegie quem ganha muito, como acusa a oposição.
‘Fizemos tudo isso com responsabilidade fiscal e social”, declarou o presidente. “Estamos dando um jeito no país”, completou.
Previdência
Ainda de acordo com o presidente, só votará contra a nova Previdência “quem é a favor dos privilégios e do princípio de desigualdade”, mas admitiu que se as mudanças não forem aprovadas em fevereiro de 2018, o governo perde “simbolicamente”.
“Perde o governo, até simbolicamente. A inflação está sob controle, os juros estão sob controle… o que pode ocorrer é exatamente a quebra desse controle que hoje existe. Seria péssimo para a economia, além do descrédito nacional e internacional”, declarou.