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PC diz que ex-prefeito mandou matar caseiro para incriminar rivais políticos

Déborah Moraes / Alagoas24Horas

Em entrevista coletiva, delegados passaram detalhes sobre o crime.

A Polícia Civil de Alagoas, em entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, 26, afirmou que o ex-prefeito de Palestina, José Alcântara Júnior, conhecido como Júnior Alcântara (PMDB), é o autor intelectual e mandante do homicídio de seu caseiro, Zenóbio Gomes Feitosa, de 60 anos, acontecido em maio deste ano. O crime serviria para incriminar rivais políticos.

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De acordo com o delegado Mário Jorge, coordenador da Divisão Especial de Investigação e Captura (Deic) e um dos integrantes da comissão de delegados designada para investigar o crime – junto com os delegados Cícero Lima e Guilherme Iusten – a vítima estaria trabalhando numa chácara do ex-prefeito, na zona rural de Palestina, em companhia do filho de 9 anos, quando um homem teria batido a porta e dito que estava lá para buscar alguns documentos.

A criança então, teria visto do lado de fora da casa outros dois homens encapuzados e alertado o pai de que se trataria de um assalto e fugido para o povoado próximo. “Nesse momento os homens adentraram a propriedade, renderam a vítima e a levaram num veículo Fox, de cor prata, com placa de Teotônio Vilela, reconhecido por algumas testemunhas tempos depois”, explicou o delegado.

Documentos

Os documentos aos quais o homem se referia seriam, supostamente, imagens e provas de que o atual prefeito do município sertanejo utilizava bens públicos – como tratores e outras máquinas agrícolas – em suas propriedades particulares. “Os documentos e as imagens nunca foram achadas. Uma semana antes do crime, o ex-prefeito e o vereador Luciano Lucena de Farias (PMDB), que também foi preso, se reuniram com correligionários e disseram possuir essas provas e que as manteriam guardadas na chácara. Acreditamos que esse já foi um primeiro passo, antes do crime, que serviria, mais pra frente, pra incriminar seus adversários políticos”, relatou o coordenador.

“Eles queriam dar a entender que o crime contra o caseiro foi cometido pelo grupo político rival e que atualmente faz parte da gestão do município, mas não sabemos sequer se essas imagens existem”, concluiu o delegado Mário Jorge.

O vereador Luciano Lucena teria também registrado um boletim de ocorrência – cerca de um anos antes – relatando um crime com mesmo modo de atuação, que teria acontecido em uma residência de sua propriedade. A polícia acredita que a partir desse fato, foi que surgiu a ideia para a simulação do novo crime. Luciano Lucena é acusado de dois homicídios, e foi condenado a 15 anos e 4 meses por um deles. Ele cumpria pena em liberdade e fazia uso de tornozeleira eletrônica.

Investigações

Déborah Moraes / Alagoas24Horas

Delegado Mário Jorge

O ex-prefeito e o vereador foram presos na última sexta-feira (22). Agentes da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic)  e do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão nas residências dos dois suspeitos. Eles ainda não foram ouvidos oficialmente, mas negaram o envolvimento com o crime.

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De acordo com o delegado Mário Jorge, as investigações foram iniciadas um dia após o crime, quando o próprio ex-prefeito, Júnior Alcântara, teria acionado a polícia, registrado boletim de ocorrência e se mostrado totalmente empenhado em cooperar. Segundo ele, nenhuma linha de investigação foi descartada e a descoberta do envolvimento e autoria do ex-gestor foi surpreendente.

Após algumas testemunhas reconhecerem o carro usado no crime, a polícia conseguiu chegar até o primeiro envolvido, Daniel da Silva Carvalho, vulgo “Daniel Gordinho”, que tinha envolvimento com alguns crimes no Sertão. A partir dele, um segundo nome foi descoberto, José Edilson Pinheiro da Silva, vulgo “Sula”. “Foram descobertas algumas ligações entre Sula e o Júnior [Alcântara], uma delas, inclusive, no dia do crime. Ele também foi reconhecido por uma testemunha como o homem que abordou o caseiro na chácara”, disse o delegado.

No dia 23 de outubro, os dois suspeitos e um terceiro envolvido, Thiago Correia de Brito, foram presos em cumprimento a mandados de prisões temporárias. No início de dezembro as prisões foram revertidas em preventivas. O valor pago para a realização dos crimes não foi revelado.

A polícia revelou que o depoimento dos suspeito foram contraditórios, mas que as informações apontam para a participação de todos no sequestro e, posterior, morte.

A vítima

A vítima, foi descrita por testemunhas como um homem ordeiro, bem quisto e sem inimigos. Ele trabalhava há 15 anos para Júnior Alcântara.

Nas investigações foi descoberto também que o ex-prefeito usava o nome de Zenóbio Gomes, sem o seu conhecimento, como laranja na aquisição de veículos e outros bens.