Categorias: Brasil

Com dores, mulher empurrada no metrô teme perder o emprego

Jussara começou a chorar ao lembrar dos momentos aterrorizantes que viveu na plataforma. Ela teme perder o emprego porque sente muitas dores no corpo.

Glauco Araújo/G1

Glauco Araújo/G1

A atendente Jussara Araújo de Souza, 23 anos, que foi empurrada para os trilhos do Metrôde São Paulo na tarde deste terça-feira (9), voltou ao local onde sofreu a queda, na noite desta quarta-feira (10), na estação Conceição da Linha 1 Azul. Muito nervosa, ela começou a chorar ao lembrar dos momentos aterrorizantes que viveu na plataforma. “Está passando tudo de novo na minha cabeça, estou com muito medo”, disse ela ao G1.

Mas não foi por superação que ela voltou a fazer o trajeto que tem feito diariamente nos últimos seis meses para chegar ao trabalho, mas por necessidade. “Estou sentindo muitas dores no corpo e nos 30 pontos na minha perna. O médico do IML me deu um dia de afastamento, mas não tenho condições de trabalhar. Preciso que o médico me dê mais dias para me recuperar”, enfatiza.

Jussara tem medo de perder o emprego, pois está em fase de treinamento, mas precisa dele para sustentar os três filhos. Ela foi até a lanchonete em que trabalha para pedir ao chefe mais tempo para ficar em casa e se recuperar das lesões.”Não sei como vai ser a minha rotina daqui pra frente, não sei se vou conseguir andar de Metrô de novo todos os dias”, lamenta o ocorrido.

Glauco Araújo/G1

Glauco Araújo/G1

Ao entrar na estação Conceição, com dificuldade para andar, passar pelas catracas e ficar a poucos metros de onde Sebastião José da Silva, 55 anos, a empurou para os trilhos, Jussara se encostou em uma das paredes da plataforma e começou a chorar copiosamente. A primeira composição do Metrô chegou e ela não teve coragem de embarcar, apenas depois da chegada da segunda composição que ela conseguiu entrar no vagão.

O homem que a empurrou passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (10) e a Justiça decidiu mantê-lo preso. Segundo o boletim de ocorrência, ele teria dito que “ouviu vozes” o que lhe induziu a cometer o crime.

De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô, o caso foi registrado na Delpom (Delegacia Polícia Metropolitano), na estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3- Vermelha. A assessoria informou que o homem que empurrou a vítima sofre de problemas mentais e teria empurrado a primeira pessoa que viu na plataforma.

Na estação Conceição, a faixa amarela é a única sinalização de segurança para os passageiros, a qual fica a menos de um metro do vão onde passam os trilhos.

Empurrão

Ainda em casa, Jussara disse ao G1 que sentiu os vagões do trem passarem por sobre seu corpo e que ainda não acredita como saiu viva do incidente. “Morri! No que eu vi eu já estava lá embaixo. Quando senti o baque fui olhar e senti os vagões passando por cima de mim”, afirmou (veja no vídeo acima).

Ela descreveu que sentiu um empurrão e caiu de frente, com a cara no chão. “Caí com a cabeça na minha bolsa. Minha bolsa me salvou”, afirmou Jussara. “É muito barulho, muita poeira, muito quente. Se não fosse Deus eu não estava viva para contar a história.”

Metrô vai instalar proteção

 

Após o crime, o presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredo, disse que a estatal tem um plano de instalação de portas de proteção entre a plataforma e os trilhos de suas estações.

Segundo o presidente da empresa, o Metrô está em negociação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a compra de portas de plataformas, “para serem instaladas justamente nas estações da Linha 1 [Azul, onde ocorreu o incidente] e da Linha 3 [Vermelha]”.

Ele disse também que a data de instalação das portas será divulgada ainda em janeiro.

O Metrô começou a instalar portas de proteção nas estações nas estações da Linha 3-Vermelha em 2010, mas o projeto foi interrompido por problemas com uma das empresas responsáveis pelo serviço.

Algumas estações da Linha 2-Verde já contam com o dispositivo.