Wálter Maierovitch explica que facções criminosas costumam se infiltrar no poder político para fazer acordos que reduzam a repressão policial.
O desembargador aposentado Wálter Maierovitch, que se dedica a estudar a ação de organizações criminosas, afirma que o fortalecimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) e o aumento de conflitos entre as gangue podem ter impacto no resultado das eleições deste ano.
Maierovitch explicou em entrevista à ‘BBC’ que o PCC – maior facção do Brasil – ainda não alcançou a importância econômico de antigos grupos mafiosos italianos ou de cartéis colombianos e marroquinos, mas vem expandido a sua atuação e tem força suficiente para influenciar as próximas eleições.
O especialista cita que há relatos de que o grupo paulista patrocine eventos de igrejas na periferia de São Paulo.
De acordo com ele, facções criminosas costumam se infiltrar no poder político para fazer acordos que reduzam a repressão policial, o que, segundo ele, já acontece na periferia da capital paulista. “A polícia não vai à periferia, onde o PCC atua livre, leve e solto. Há uma lei do silêncio na periferia de São Paulo”, explicou. Em nota ao site, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo contestou a afirmação.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sérgio Etchegoyen, já demonstraram essa preocupação. Para ambos, o fim da possibilidade de empresas fazerem doações para campanhas eleitorais abre espaço para que o crime organizado financie candidatos por fora.
Wálter Maierovitch é ítalo-brasileiro e será candidato a deputado do Parlamento italiano nas próximas eleições, em março.