O ano de 2018 começa positivo: pelo terceiro mês consecutivo, o Indicador de Consumo das Famílias (ICF) de Maceió registra alta, refletindo o otimismo dos consumidores em relação às expectativas de crescimento econômico e da melhora dos níveis de emprego. Com isso, entre dezembro e janeiro, o crescimento do consumo foi de 1,07%. É o que diz a pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
E não é difícil de compreender esse contexto. A capital criou 862 postos de trabalho em novembro (últimos dados do Caged MTE), dos quais mais de 70% foram abertos pelo Comércio. E mais gente trabalhando, significa melhor poder de compra e aumento do consumo. “Há pelo menos dois meses, os consumidores que recebem até 10 salários mínimos (s.m.) retomaram o consumo, mas neste mês de janeiro o crescimento que foi mais expressivo, registrando um aumento 3,47%”, avalia Felippe Rocha, assessor econômico da Federação do Comércio de Alagoas (Fecomércio AL).
De acordo com a pesquisa, os consumidores com renda maior de 10 salários, que até então vinham se mantendo com nível de consumo acima dos 100 pontos e teve crescimento por três meses seguidos, demonstraram um comportamento atípico nesse início de ano, reduzindo em 28,34% seu consumo em relação a dezembro.
Tanto no aspecto geral quanto por faixa de renda, o consumo deste mês ainda é menor do que o de janeiro de 2017: -18,8%, no todo; -16,5% entre os consumidores que recebem até 10 s.m.; e -40,57% entre os que ganham acima de 10 s.m. A explicação para a queda do consumidor de alta renda é a redução de 9,3% na perspectiva de melhoria em seu emprego atual. “A piora em suas perspectivas refreia seu comportamento, tendendo a reavaliar seu orçamento e a reduzir gastos com receio de demissão ou redução de renda. Os de renda menor, que almejam cargos de menos peso e se veem com o mercado de trabalho mais aquecido, creem na melhora nos postos de trabalho e na possibilidade de encontrar um novo emprego que pague melhor”, ressalta Felippe. O nível de perspectiva no emprego na faixa de renda até 10 s.m. se elevou 1% em relação a dezembro e, a confiança de melhora no emprego atual é de 0,1%, no geral.
Se a confiança no emprego atual se mantiver em queda entre os de alta renda, é de se esperar que a perspectiva profissional para um horizonte de seis meses também não seja das melhores. Aparentemente, o consumidor das classes A e B não enxergam melhoras significativas na economia após a virada de ano e, por isso, estão em posição de aversão ao consumo. O consumidor de faixas mais baixas de renda (C, D e E) está mais otimista e acredita em melhora de 5,7% em sua perspectiva profissional e, como consequência, está em posição de compra.
Em relação ao poder de compra da renda percebida atualmente, há uma unanimidade por faixa de renda. Todas as classes sinalizam igualmente ao mercado que a inflação de 2,95% de 2017 não foi percebida diante de aumentos bastante sensíveis nos combustíveis, no gás de cozinha, na energia elétrica e outros preços administrados pelo governo federal (que em 2016 fez a inflação fechar em mais de 10%). Sendo assim, a renda atual é 2,3% menor em poder de compra do que janeiro passado, no geral. Por faixa de renda, é -0,2% (até 10 s.m.) e -19,8% (superior a 10 s.m.).
O momento para adquirir por meio do crédito a prazo é outra unanimidade. Reforça esse comportamento o fato de janeiro ser um mês com diversos impostos, período de matrículas e de aquisição de material escolar, fazendo com que haja controle no consumo para não extrapolar a renda. A redução em relação a dezembro é de 4,7% no geral; 3,5% até 10 s.m.; e de 14,9% na faixa superior a 10 s.m.
Relatório completo no site do Instituto Fecomércio.