Entre as sete escolas que desfilaram, os destaques foram Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Mocidade
A primeira noite de desfiles na Sapucaí teve carro alegórico emperrado na avenida, imagem do prefeito do Rio enforcado e do presidente em trajes de vampiro.
Entre as sete escolas que desfilaram, os destaques foram Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Mocidade.
As duas primeiras investiram em forte discurso político e fizeram sucesso com o público.
Como esperado e muito falado, a Mangueira fez o desfile de oposição ao atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que cortou verbas das escolas de samba e de festas de rua do Rio.
Com ares de campeã, a Mangueira saiu da Sapucaí ovacionada pelo público. Os diretores comemoraram o resultado. “Estou muito emocionado. Foi tudo impecável. Só quem é Mangueira sabe como eu estou me sentindo”, comemorou, com águas nos olhos, o intérprete Leandro Santos.
O carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, avaliou a resposta das arquibancadas como se a população mostrasse estar alinhada com as críticas ao prefeito Marcelo Crivella, explícita no enredo da escola desse ano. Mas ele emendou: “mais do que críticas, fizemos uma grande brincadeira. Isso nós sabemos fazer bem.” Leandro se disse satisfeito com o resultado das alegorias e a evolução das alas, mas confessou que passou nervoso com o risco dos carros alegóricos quebrarem. “Sempre a gente passa este nervoso. Mas tudo que foi super bem e a resposta foi a arquibancada cantando com a gente”.
Na mesma linha da Mangueira, o Paraíso do Tuiuti também seguiu na linha de críticas à política. Os temas variaram de racismo e escravidão a leis trabalhistas.
A escola optou por samba-enredo contagiante e fantasias alegres para tratar de temas não tão fáceis de serem compreendidos pelo público. O presidente Michel Temer (MDB) foi representado como um vampiro no último carro alegórico.
Última escola a desfilar, a Mocidade conseguiu manter a plateia animada até o raiar do sol com um desfile bonito e um bom samba, lindamente executado pela bateria. O enredo falava sobre pontos em comum entre as culturas de Brasil e Índia.
A apuração da vencedora será na quarta-feira (14).
CRIVELLA SAIU DO PAÍS
Assunto mais polêmico deste Carnaval, a relação entre o prefeito e a folia continua distante. Ensaiando uma aproximação com a comunidade do samba, Crivella chegou a dizer que iria à Sapucaí, “mas não para sambar”.
No entanto, acabou indo viajar. Na sua conta pessoal do Facebook, Crivella justificou sua ausência com uma viagem a Frankfurt, na Alemanha, para conhecer uma agência espacial a fim de reforçar o Centro de Operações do Rio (COR) para cada vez mais oferecer um serviço mais conectado e presente no dia a dia carioca.
O prefeito foi acusado pela comunidade carnavalesca de perseguir a festa num aceno ao seu eleitorado.
O maior evento popular do país viu minguar os subsídios dados pela prefeitura nesta edição -cada escola do grupo especial recebia R$ 2 milhões do município. Crivella reduziu pela metade os repasses.
Em 2017, ele tampouco compareceu ao Sambódromo, rompendo com uma tradição.
ACIDENTE
A noite deste domingo (11) também foi marcada pela quebra do carro da Grande Rio. Ao enroscar no lado direito, o carro ficou preso no meio fio da rua, o que impossibilitou a sua entrada na avenida.
O problema pode custar caro à escola que estourou cinco minutos do tempo permitido -o máximo de permanência é de 75 minutos. Cada minuto a mais significa 0,1 ponto a menos à escola, segundo o regulamento da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).
Apesar do ocorrido, o diretor de Carnaval da Grande Rio, Dudu Azevedo, fez questão de ressaltar que os foliões fizeram um “belíssimo” desfile e que “essas coisas acontecem”.
Assim como o presidente da agremiação que deixou a Praça da Apoteose com lágrimas nos olhos, dizendo que “esse ano papai do céu não quis, o diretor atribuiu a falha ao destino e não admitiu erros técnicos ou humanos. “Não sabemos ainda o que houve. Não podemos fazer nada sobre isso agora.”
A primeira noite de desfiles também recebeu as escolas de samba Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel, Paraíso Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade.
PROBLEMAS MÉDICOS
Uma mulher morreu na primeira noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Aos 63 anos, a senhora, que tinha problemas cardíacos, sofreu um mal súbito e foi atendida no posto de saúde da Sapucaí e levada, às pressas, ao Hospital Municipal Souza Aguiar, onde ela não resistiu e morreu.
Até as 4h desta segunda-feira (12), 573 pessoas foram ao posto de saúde do sambódromo e 15 foram levadas ao hospital.
O coordenador técnico da Secretaria da saúde, Geraldo Alves da Silva, afirmou que, mesmo sem a confirmação de dados específicos, há uma percepção geral de que há mais pessoas passando mal esse ano do que nos anteriores.
“Já vi anos em que o clima estava mais quente, mas não havia tanta gente caindo como agora”. Ele atribuiu a falta recursos das escolas para esse aumento. “Faltou a estrutura de apoio: água, sanduíches, especialmente nas escolas mais carentes.”