“Roubos e tiroteios em massa durante o Carnaval, seguidos de um temporal que matou quatro pessoas e causou um caos nas ruas, aumentaram a sensação de que a cidade está ficando fora de controle”, diz o Guardian. O jornal britânico observa que “intervenção militar é um assunto delicado para muitos brasileiros”, embora simpatizantes de extrema-direita apoiem cada vez mais um retorno a um governo militar”. O diário britânico também relata a reação de receio de muitos moradores das favelas, “que temem o policiamento a cargo de soldados sem treinamento”. The Guardian lembra que a ocupação militar de 15 meses na favela da Maré terminou em junho de 2015 “sem que se tenha resolvido o problema da violência causada pelo tráfico de drogas de forma perene”.
The Guardian também destaca que enquanto a intervenção militar no Rio estiver em vigor, o Congresso não poderá aprovar alterações à Constituição, o que coloca em suspenso a reforma da Previdência. “Temer poderá tirar benefícios dessa medida”, analisa. Segundo Ricardo Ismael, professor de ciências políticas na Pontifícia Universidade Católica do Rio, “Temer tentará ganhar popularidade”.
O presidente, no entanto, disse que vai cessar a intervenção federal no Rio de Janeiro para a votação da reforma de previdência.
Segurança prejudicada por crise financeira
Na França, o site da Le Point informa que o general Walter Souza Braga Neto, que já tinha dirigido as operações de segurança durante as Olimpíadas, será responsável pela intervenção do Exército. “A confusão e a total falta de coordenação da polícia durante o Carnaval levaram o presidente Temer a tomar esta decisão”, explica à revista o cientista político David Fleischer, professor na Universidade de Brasília.
Le Point esclarece que a segurança no Rio foi prejudicada pela grave crise financeira no estado, à beira da falência. “Funcionários públicos e policiais não têm recebido seus salários com frequência”, ressalta a Le Point.
O jornal Le Figaro reproduz as frases de maior impacto do pronunciamento de Temer. “O crime organizado quase tomou conta do Rio de Janeiro. […] Tomo essas medidas extremas porque as circunstâncias exigem. O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providêncais necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas”, declarou o presidente brasileiro.