O Ministério Público do Trabalho (MPT) realizou, na manhã desta terça-feira (20), audiência para apurar o acidente que tirou a vida dos trabalhadores Adeilson Batista da Silva e Cícero Porto da Silva enquanto realizavam obras na galeria de esgoto no bairro da Jatiúca, em Maceió.
Quando perguntado pela procuradora do MPT e condutora da audiência, Eme Carvalho, se a empresa de Engenharia de Materiais (Engemat) possuía treinamento específico para situações de emergência e salvamento, o dono da empresa, Virgílio Vilar Brasileiro, admitiu não saber dar essa informação.
O empresário explicou que a obra acontecia no período da noite por motivos estratégicos. “Sempre que vamos iniciar uma obra fazemos uma medição do nível de água e se é possível a realização dos trabalhos. Escolhemos o período da noite por ser a hora de menor volume de água presente na rede de esgoto em Maceió”, justificou.
Brasileiro ainda completou afirmando que os trabalhadores estavam utilizando os equipamentos de segurança necessários.
O advogado da Engemat, Bruno Normande, esclareceu os procedimentos tomados pela empresa para descobrir o que ocorreu no dia do acidente. “Contratamos uma empresa especializada para descobrir o que, de fato, aconteceu no dia da morte dos trabalhadores. Ainda não há um laudo conclusivo, mas todos estão trabalhando para que possamos ter as respostas necessárias”, disse.
Durante a audiência, a hipótese de que a parede cedeu e a água teria arrastado Cícero foi descartada e outras duas novas hipóteses foram citadas pelo dono da Engemat para a causa do acidente. A primeira é que havia gás preso dentro da tubulação de esgoto no local da obra, e quando Cícero fez o primeiro buraco, o gás teria vazado e causado desmaio no trabalhador. Ao tentar ajudar, Adeilson teria passado pela mesma situação e os dois teriam sido arrastados.
Na segunda hipótese, os trabalhadores poderiam ter sido puxados após o rompimento de um obstáculo dentro do tubo, formando uma força de sucção que teria arrastado Cícero e Adeílson.
Por fim, a procuradora Eme Carvalho, em nome do MPT, exigiu adequação de todo o procedimento para que não volte a ocorrer acidentes desse gênero. O advogado afirmou que a empresa está negociando o valor da indenização diretamente com as famílias das vítimas.