O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 11 de prisão na Operação Lava Jato, nesta quarta-feira (7), pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Petrobras foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para facilitar contratos entre a empreiteira e a estatal.
Moro determinou o início de cumprimento da pena em regime fechado — ele já está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com a sentença, a progressão do regime fica condicionada à devolução do “produto do crime”.
Outras quatro pessoas também foram condenadas na mesma sentença. Entre elas, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, com penas somadas de dez anos e seis meses de reclusão, também por corrupção e lavagem de dinheiro.
Como ele firmou acordo de delação premiada, no entanto, o juiz adotou as penas previstas na colaboração. Ele foi preso em junho de 2015, ficou preso por dois anos e meio e, desde dezembro do ano passado, cumpre prisão domiciliar.
Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, denunciado na ação, foi absolvido por Moro por falta de provas.
O G1 tenta contato com as defesas dos envolvidos.
Por terem firmado acordo de colaboração com a Procuradoria Geral da República, Fernando Reis e Álvaro José Novis têm benefícios no cumprimento das penas, como a progressão para regimes especiais.
O ex-presidente da Petrobras está preso desde o dia 27 de julho de 2017, quando a força-tarefa da Lava Jato deflagrou a 42ª fase da operação, denominada “Cobra”.
Bendine é o único ex-presidente da Petrobras que virou alvo de processo na Operação Lava Jato.
Ele assumiu a presidência do Banco do Brasil em abril de 2009, a convite do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os bons resultados na administração do banco fizeram com que Bendine ganhasse a confiança da então presidente Dilma Rousseff.
Bendine foi nomeado para o comando da Petrobras em fevereiro de 2015, no lugar de Graça Foster, com a missão de recuperar a estatal, abalada pela Lava Jato.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os crimes ocorreram de 2014 a 2017.
Em 2015, Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo delatores da Odebrecht, Bendine já cobrava propina no Banco do Brasil e continuou cobrando na Petrobras.
Quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição.
Mas Marcelo Odebrecht e eis disseram, em delação premiada, que não pagaram o valor por acharem que Bendine não teria capacidade de influenciar no contrato.
Na véspera de assumir a presidência da Petrobras, em 6 de fevereiro de 2015, Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Odebrecht e Reis, segundo o MPF.
Investigadores dizem que o pedido foi feito para que a empreiteira não fosse prejudicada em seus interesses na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.
Segundo os delatores, a Odebrecht optou por pagar os R$ 3 milhões pelo Setor de Operações Estruturadas, como era chamada a área responsável pelas propinas na empresa.